Enquanto parte do mundo sofre com a segunda onda da covid-19, o Brasil vive, pela primeira vez desde a intensificação da pandemia, um declínio da doença. A taxa de transmissão (Rt) é a menor desde abril. De acordo com o novo levantamento do Imperial College, de Londres, o índice está em 0,68, ou seja, cada grupo de 100 pessoas tem potencial para transmitir o vírus para outras 68 pessoas saudáveis.
A redução da Rt começou a ser observada em setembro, mês em que houve variação perto do índice 1, que indica que o contágio ainda está em níveis de descontrole. Com a redução, o status da infecção, que era considerado lento a estagnado, agora está em fase de declínio. No mapa dos 72 países analisados pelo Imperial College, apenas o Brasil e a Bolívia estão no patamar de diminuição.
Apesar da aparente boa notícia, os índices podem voltar a subir, como ocorre, por exemplo, na Espanha, na França, na Alemanha e na Itália. Por isso, o Brasil permanece no rol de países com a doença ativa. “Por ter essa propagação dinâmica, é preciso sempre muita cautela e não confiar em apenas um indicador e em suas alterações pontuais – que, muitas vezes, flutuam de um dia para outro –, mas, sim, uma avaliação conjunta ao longo do tempo”, indica o o pesquisador da Universidade de Brasília (UnB) Ivan Zimmermann, um dos responsáveis pela sala de situação de saúde da instituição, iniciativa que também se debruça em analisar o Rt dia a dia.
A taxa de transmissão é um dos indicadores que ajuda no controle da epidemia. Mas, para se manter baixo, precisa estar alinhado com outros elementos, como números de novos casos e óbitos, taxa de ocupação de leitos e dados de Síndrome Respiratória Aguda Grave (Srag).