Blecaute no Amapá

Bairros de Macapá apresentam falha na energia e moradores temem novo apagão

Apesar de restabelecida a energia no estado, na última terça-feira (24/11), postes de iluminação pública apresentaram problemas de energia na capital. População diz não se sentir segura

Fernanda Strickland
 Natália Bosco*
postado em 26/11/2020 18:10 / atualizado em 26/11/2020 18:12
 (crédito: Prefeitura de Macapá/divulgação)
(crédito: Prefeitura de Macapá/divulgação)

Após três semanas sem energia, a situação elétrica do estado do Amapá foi restabelecida e os rodízios de energia parecem ter acabado. Para solucionar o problema, a empresa da Linhas de Macapá Transmissora de Energia (LMTE) informou que durante a madrugada da última terça-feira (24/11), o transformador reserva da cidade de Laranjal do Jari, foi levado para Macapá, capital do estado. A Companhia de Eletricidade do Amapá (CEA), responsável pela distribuição de energia, disse que a energia foi totalmente restabelecida às 5h de terça, nos 13 municípios afetados pelo apagão. Apesar do restabelecimento da energia, amapaenses ainda indicam falhas no sistema elétrico e têm medo de um novo apagão.

Em sua conta no Instagram, o senador Randolfe Rodrigues compartilhou um vídeo da Mídia Ninja em que são mostrados estouros no transformador de um poste de iluminação pública. A legenda do vídeo gravado por um morador de Macapá informa que “mesmo com o funcionamento do transformador vindo de Jari, bairros como Muca, Araxá e Duca Serra tiveram oscilações no fornecimento (de energia)”.

A estudante de administração Raylane Oliveira, 20 anos, moradora do bairro Novo Horizonte, Macapá, contou que a população ainda está insegura com a situação elétrica do estado. “Existem, sim, alguns pontos que precisam de atenção, porque alguns bairros tiveram os postes pipocando. Então, não sabemos se está totalmente segura essa energia. A gente tem energia de volta, mas a gente está meio inseguro ainda, sabe?”

Raylane falou sobre os desafios enfrentados durante o período de apagão total e de revezamento de energia. Para a estudante, a situação demonstrou um total descaso com os amapaenses. “Totalmente desumano o que a gente passou aqui. O Poder Público devia ter algum plano, alguma coisa reserva para algum acontecimento como esse, sabe? A estação que faria o papel de reserva caso alguma coisa acontecesse estava em manutenção há seis meses ou mais. Então, a gente não teve tanta atenção do Poder Público quanto deveria. Como moradora daqui eu senti, a gente sentiu na pele como é o descaso, a privatização da energia, a privatização de tudo”, pontuou a estudante.

Atenção

Engenheiro eletricista e presidente da Associação Brasileira de Investidores em Autoprodução de Energia (Abiape), Mario Menel acredita que o cenário de energia do país após esse apagão muda muito pouco. “Certamente, o apagão é um ponto de atenção em termos de repensar critérios de fiscalização, de operação e de planejamento. Também merece atenção redobrada a situação da CEA (Companhia de Eletricidade do Amapá), que atua hoje sem ter um contrato de concessão”, acredita.

“Nenhum sistema elétrico é totalmente à prova de apagões. Pelos relatórios do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), nosso sistema interligado tem uma configuração robusta e de elevado grau de confiabilidade. No caso do Amapá, por ser uma configuração radial, a confiabilidade é menor e depende de tipologias nas tensões de médio porte para que se tenha a confiabilidade aumentada pela geração local conectada às linhas de transmissão de média tensão (inferiores a 230 kV)”, apontou.

*Estagiárias sob a supervisão de Andreia Castro

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