BLECAUTE NO AMAPÁ

Sem energia há 21 dias, Amapá enfrenta prejuízo após pior chuva do ano

Estado registrou fortes temporais no fim de semana e enfrenta novos problemas elétricos com a explosão de postes de iluminação pública

Natália Bosco*
postado em 23/11/2020 16:19 / atualizado em 23/11/2020 16:20
 (crédito: GABRIEL PENHA/PHOTOPRESS/ESTADÃO CONTEÚDO)
(crédito: GABRIEL PENHA/PHOTOPRESS/ESTADÃO CONTEÚDO)

Nesta segunda-feira (23/11), o estado do Amapá completa 21 dias sem energia e a situação só piora. Na noite de domingo (22), o estado recebeu o maior volume de chuvas do ano e muitas casas foram inundadas. O prejuízo causado ainda está sendo contabilizado. A previsão do Núcleo de Hidrometeorologia (NHMet) do Amapá é de mais chuvas ainda em novembro. Não só isso, durante a última noite, moradores registraram explosões de postes de iluminação pública da cidade.

Na cidade de Macapá, capital do estado, as fortes chuvas que chegaram à cidade invadiram as casas e causaram novos prejuízos à população. A quantidade de água que caiu durante a noite representa quase metade do total de chuvas que caiu durante este mês.

De acordo com o Núcleo de Hidrometeorologia e Energias Renováveis do estado, só em Macapá o volume de chuva chegou a 74 milímetros (mm) em menos de uma hora, o que superou a expectativa de 45 mm.

Esse foi apenas um dos problemas enfrentados pela população local. Em suas redes sociais, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) registrou a situação vivenciada pelos moradores da cidade na noite de domingo. Vídeo gravado por moradores mostra explosões em postes de iluminação pública da Companhia de Eletricidade do Amapá (CEA) geradas por uma falha elétrica.

Ajuda

O professor de educação física Anderson Moraes, 40 anos, tem família em Macapá e se diz preocupado com a situação. “Eu já fui a Macapá e eu sei que é uma cidade muito pequena, mas levando em consideração que são 800 mil pessoas, seria necessário uma mobilização geral da força nacional. Essas pessoas podem, inclusive, entrar em confronto entre elas mesmas, com a questão da alimentação, da falta de água mineral. Cadê as forças armadas que não estão lá para tentar organizar essa cidade, tentar deixar as pessoas mais tranquilas?”, questionou.

O Ministério de Minas e Energia (MME) informou na noite de domingo que o “fornecimento de energia elétrica ocorreu dentro da normalidade”, com atendimento de 89% da carga média. Durante a madrugada, porém, houve racionamento do fornecimento de energia em algumas regiões.

O MME disse, contudo, que os outros geradores, que deveriam ser ativados ao longo do dia, não foram instalados devido a “dificuldades relacionadas à logística e ao clima” e que a expectativa é de que até esta segunda-feira “estejam operacionais 34 MW [megawatts] de geração térmica”.

Visita de Bolsonaro

No último sábado (21), o presidente Jair Bolsonaro visitou o estado pela primeira vez desde o primeiro apagão, no dia 3, que deixou cerca de 90% da população em blecaute por quatro dias. Em sua visita, Bolsonaro participou de participou de breves cerimônias para ativação de parte dos geradores termoelétricos contratados emergencialmente.

Em tese, os equipamentos iriam restabelecer a energia para todo o estado, o que não ocorreu. Assim, o prazo foi estendido até a próxima quinta-feira (26).

Na última sexta-feira (20), a Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (CONAQ) e Terra de Direitos denunciou as ações do governo federal diante da crise do Amapá para a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), que faz parte da Organização dos Estados Americanos (OEA). O grupo solicitou que a CIDH se pronuncie para garantir a defesa da vida e da integridade física das comunidades quilombolas do estado do Amapá.

*Estagiária sob a supervisão de Andreia Castro

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