Investigação

Depoimentos de funcionárias geram contradição em investigação da morte de Beto no Carrefour

Uma fiscal disse à polícia que que não conhecia o cliente. Já outra funcionária, disse que a fiscal já havia relatado casos de atrito de Beto em outras datas

Correio Braziliense
postado em 23/11/2020 12:21
 (crédito: Reprodução)
(crédito: Reprodução)

Depoimentos prestados por duas funcionárias do Carrefour sobre a morte de João Roberto Silveira Freitas, de 40 anos, no estabelecimento, geraram contradições nas investigações da polícia. As informações são do portal UOL, que teve acesso aos depoimentos.

Uma fiscal, à qual Beto teria acenado enquanto ainda estava no caixa com a esposa, disse à polícia que nunca o tinha visto e que não entendeu por que ele estava agindo daquela maneira.

Segundo a fiscal, ela estava na frente dos caixas acompanhada dos dois seguranças quando Beto chegou com a esposa para passar as compras e passou a "encará-los".

No relato da funcionária, Beto foi em direção a um dos seguranças e "fez um gesto com as mãos como se fosse empurrá-lo", e o segurança conseguiu desviar.

Em seguida, os dois seguranças presentes, Borges e Silva, levaram Beto para o estacionamento da loja. Antes de sair da loja, Beto deu um soco no PM temporário e, a partir daí, teriam começado as agressões que terminaram com a morte dele.

A fiscal também afirmou que polícia que não conhecia o cliente e não sabia o motivo da atitude dele.

Atrito com outros funcionários

Já uma agente de fiscalização, Adriana Alves Dutra, disse que a colega relatou para ela que Beto teria tido atrito com outros funcionários em outras ocasiões, em outras datas, e era uma pessoa agressiva, contradizendo o depoimento da fiscal.

Adriana afirmou que acionou a Brigada Militar e ligou para o SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) ao ver sangue durante a briga. E que pediu, várias vezes, "aos rapazes que largassem Beto".

Entretanto, Adriana aparece no vídeo do estacionamento pedindo, a um motoboy, que as imagens não fossem gravadas e é considerada investigada pela polícia.

O motoboy teria rebatido a ação e dito que eles ( os seguranças) não poderiam estar fazendo aquilo, e Adriana diz " agente sabe o que está fazendo".

Relembre o caso

Espancado e morto por dois seguranças brancos em uma unidade do supermercado Carrefour em Porto Alegre (RS), o soldado João Alberto Silveira Freitas, negro, 40 anos, foi sepultado, na manhã de sábado (21) no Cemitério Municipal de São João, na capital gaúcha.

Um dos agressores o imobilizou apertando o joelho contra as costas dele. O laudo médico aponta morte por asfixia. Os dois seguranças estão presos.

Ele deixou a mulher e quatro filhos.

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