A esposa de João Alberto Silveira, homem negro de 40 anos assassinado em um Carrefour de Porto Alegre na noite desta quinta-feira (19/11), disse que foi impedida pelos seguranças quando tentou ajudar o marido. A declaração de Milena Borges Alves, de 43 anos, foi dada em entrevista à Rádio Gaúcha nesta sexta-feira (20/11).
Ele fazia compras no supermercado com Milena quando gesticulou para uma fiscal de caixa. Ela, então, chamou a segurança, que o levou para o estacionamento, onde começaram as agressões. As imagens do espancamento circulam pelas redes sociais desde a manhã desta sexta e vem causando comoção nacional.
"Eu estava pagando no caixa, daí ele desceu na minha frente. Quando eu cheguei lá embaixo, ele já estava imobilizado. Ele pediu: ‘Milena, me ajuda’. Quando eu fui, os seguranças me empurraram”, relatou ela.
Os dois suspeitos de 24 e 30 anos foram presos em flagrante. Um deles, por ser policial militar, foi levado para um presídio militar. O segurança da loja está com a Polícia Civil. O crime está sendo tratado como homicídio qualificado.
Morte por asfixia
Análises iniciais do Instituto Geral de Perícias do RS (IGP-RS) apontam para a possibilidade de asfixia como causa da morte de João Alberto.
O corpo foi liberado na tarde desta sexta, mas os laudos definitivos devem ser concluídos apenas nos próximos dias, após serem submetidos a outros exames laboratoriais.
O que diz o Carrefour:
"O Carrefour informa que adotará as medidas cabíveis para responsabilizar os envolvidos neste ato criminoso. Também romperá o contrato com a empresa que responde pelos seguranças que cometeram a agressão. O funcionário que estava no comando da loja no momento do incidente será desligado. Em respeito à vítima, a loja será fechada. Entraremos em contato com a família do senhor João Alberto para dar o suporte necessário.
O Carrefour lamenta profundamente o caso. Ao tomar conhecimento deste inexplicável episódio, iniciamos uma rigorosa apuração interna e, imediatamente, tomamos as providências cabíveis para que os responsáveis sejam punidos legalmente. Para nós, nenhum tipo de violência e intolerância é admissível, e não aceitamos que situações como estas aconteçam. Estamos profundamente consternados com tudo que aconteceu e acompanharemos os desdobramentos do caso, oferecendo todo suporte para as autoridades locais."
O que diz a Brigada Militar
"Imediatamente após ter sido acionada para atendimento de ocorrência em supermercado da Capital, a Brigada Militar foi ao local e prendeu todos os envolvidos, inclusive o PM temporário, cuja conduta fora do horário de trabalho será avaliada com todos os rigores da lei. Cabe destacar ainda que o PM Temporário não estava em serviço policial, uma vez que suas atribuições são restritas, conforme a legislação, à execução de serviços internos, atividades administrativas e videomonitoramento, e, ainda, mediante convênio ou instrumento congênere, guarda externa de estabelecimentos penais e de prédios públicos. A Brigada Militar, como instituição dedicada à proteção e à segurança de toda a sociedade, reafirma seu compromisso com a defesa dos direitos e garantias fundamentais, e seu total repúdio a quaisquer atos de violência, discriminação e racismo, intoleráveis e incompatíveis com a doutrina, missão e valores que a Instituição pratica e exige de seus profissionais em tempo integral."
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