VACINA

"Enorme orgulho", diz Dimas Covas sobre a chegada da CoronaVac ao Brasil

Presidente do Butantan afirmou nesta quinta-feira (19/11) que o objetivo principal, agora, é incorporar a CoronaVac ao Programa Nacional de Imunização (PNI)

Bruna Lima
Maria Eduarda Cardim
postado em 19/11/2020 15:30 / atualizado em 19/11/2020 15:31
 (crédito: Divulgação/Instituto Butantan)
(crédito: Divulgação/Instituto Butantan)

Após a chegada das primeiras 120 mil doses da vacina chinesa CoronaVac ao Brasil, o objetivo do Instituto Butantan, co-responsável pela produção do imunizante, é incorporá-la ao Programa Nacional de Imunização (PNI). Em coletiva nesta quinta-feira (19/11), o diretor da instituição paulista, o médico Dimas Covas, comemorou a chegada da candidata ao país, afirmando ser um motivo de "enorme orgulho" e um "fato simbólico", por se tratar da primeira iniciativa contra a covid-19 a chegar no continente latino-americano. "Fiquei muito emocionado quando essa vacina tocou o solo brasileiro", declarou Covas.

Segundo Covas, a chegada do lote ao país "é um enorme avanço nesse momento que anunciou-se grande avanço dos estudos clínicos. Mesmo porque os resultados dos estudos clínicos poderão aparecer muito rapidamente", adiantou Covas. A vacina só poderá ser utilizada pela população após liberação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Por enquanto, as doses ficarão armazenadas a uma temperatura de 8 graus negativos. "Associando a disponibilidade da vacina com os resultados dos estudos clínicos, poderemos submeter o processo a registro na nossa Anvisa", completou o diretor.

60 milhões de doses

O planejamento é ter 60 milhões de doses até fevereiro 2021, sendo que, nos próximos 40 dias, já serão 46 milhões de doses disponíveis, segundo o governo de São Paulo. Caso as tratativas junto ao governo federal tenham sucesso, o Butantan pretende ter disponível 100 milhões de doses ainda no primeiro trimestre de 2021.

"O objetivo principal é o fornecimento para o Programa Nacional de Imunização (PNI). Estamos trabalhando nessa perspectiva. A disponibilidade e o registro da vacina vão permitir que o Ministério a incorpore, o que seria a solução ideal e necessária", frisou Covas. Ainda assim, o instituto mantém diálogo com estados e municípios do país e, também, com outro países da América Latina para futuros acordos.

Discussão

O governador de São Paulo, João Doria, ressaltou que não está em uma corrida pelo imunizante, mas, sim, pela vida. "São Paulo quer, sim, a vacina do Butantan, mas quer também as outras vacinas que, seguindo o protocolo internacional e também da Anvisa, possam ser aprovadas, compradas pelo governo federal e distribuídas gratuitamente para imunização da população", declarou.

Doria ainda reforçou que não se pode "perder tempo com burocracia ou discussões inúteis de ordem política, eleitoral e ideológica" enquanto brasileiros morrem. "Não é justo, não é correto, não é humanitário, não é solidário que discussões de ordem política se sobreponham à vida e à existência. Chega", afirmou.

A declaração do governador de São Paulo faz referência a comentários do presidente Jair Bolsonaro, que já afirmou em outubro que não efetuaria a compra da CoronaVac. O imunizante produzido pela empresa chinesa Sinovac é alvo de discussões políticas entre Doria e Bolsonaro, prováveis adversários nas eleições presidenciais de 2022.

Eficácia

A CoronaVac é considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) uma das vacinas mais promissoras do mundo contra a covid-19. Os resultados clínicos do imunizante foram publicados na revista científica Lancet Infectious Diseases, na última terça-feira (17), e mostram que a vacina é segura e tem capacidade de produzir anticorpos no organismo, 28 dias após sua aplicação, em 97% dos casos.

Os dados mostram que as reações adversas foram leves e nenhum efeito adverso sério relacionado à vacina foi identificado. A reação mais comum foi dor no local da aplicação.

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