Eleições

Oito indígenas ganham corrida à prefeitura, segundo números do TSE

Número de candidatos vitoriosos é maior do que o registrado em 2016, quando seis integrantes indígenas conquistaram o cargo no executivo municipal. Especialista afirma que escolha de minorias contribui para elaboração de políticas públicas específicas

Edis Henrique Peres*
postado em 18/11/2020 21:38
 (crédito: Ana Rayssa/Esp. CB/D.A Press)
(crédito: Ana Rayssa/Esp. CB/D.A Press)

Dados preliminares apontam para a eleição de oito prefeitos de origem indígena no último domingo (15/11) no primeiro turno das eleições municipais. O número é maior que o registrado no primeiro turno de 2016. Na ocasião havia apenas 6 prefeitos indígenas eleitos.

Segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ainda não estão disponíveis os dados consolidados dos candidatos eleitos e suas declarações de raça. Mas a informação referente a vereadores, vice-prefeitos e prefeitos indígenas eleitos deve ser divulgada nesta sexta-feira (20/11).

As cidades que terão prefeitos indígenas em 2021, segundo os dados já disponibilizados pelo TSE, são Uiramutã e Normandia, em Roraima; São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas; Marechal Thaumaturgo, no Acre; Pariconha no Alagoas; São João das Missões, em Minas Gerais; Marcação em Paraíba e Arroio Grande, no Rio Grande do Sul. Deste total, três foram prefeitos reeleitos.

A região Centro-Oeste foi a única que não elegeu nenhum indígena para prefeito no primeiro turno.

Em todo o país, 2,205 candidatos indígenas concorreram às eleições este ano, para todos os cargos. A maior parte se concentrou na região Norte, com um total de 927 candidaturas.

Bandeiras específicas

Paulo Baía, sociólogo e cientista político da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), explica que o aumento de minorias eleitas para cargos de vereadores e prefeitos também tem importância. “O maior número de candidatos negros, mulheres e indígenas em muitas cidades é significativo, pois além da pauta local, há as pautas especificas das questões das minorias e isso teve peso na hora dos eleitores fazerem suas escolhas”, explica.

Para o especialista o maior número de minorias eleitas se deve, em parte, porque não é mais permitida a coligação para vereador. “Isso obrigou os partidos a montarem chapas completas para vereadores, forçando também muitos partidos a lançarem candidatos a prefeitos. Essa ação aumentou o número de candidatos e trouxe uma participação maior de mulheres, porque há a obrigatoriedade de ao menos 30% das candidaturas serem de mulheres. O que, obviamente, também ajudou ao maior número de negros, indígenas e outras minorias candidatas e, consequentemente, aumentou o número dessas pessoas eleitas”, explica.


*Estagiário sob a supervisão de Carlos Alexandre de Souza 

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação