Covid-19

Comissão de Ética defende continuidade dos testes da CoronaVac

Responsável por implementar normas e diretrizes para pesquisas com humanos, Conep salienta que morte de voluntário nada teve a ver com a vacina. "Por isso optamos por não suspender os ensaios", enfatiza coordenador

Maria Eduarda Cardim
postado em 10/11/2020 18:03 / atualizado em 10/11/2020 18:04
CoronaVac tornou-se centro de uma disputa entre Bolsonaro e Doria, atiçada pelo comentário do presidente sobre a suspensão da pesquisa da vacina -  (crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)
CoronaVac tornou-se centro de uma disputa entre Bolsonaro e Doria, atiçada pelo comentário do presidente sobre a suspensão da pesquisa da vacina - (crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)

Um dia após a Agência Nacional de Vigilância em Sanitária (Anvisa) suspender os testes da vacina CoronaVac, desenvolvida pela empresa chinesa Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, a Comissão Nacional de Ética e Pesquisa (Conep), do Conselho Nacional de Saúde (CNS), se manifestou a favor do retorno do estudo do imunizante. Nesta terça (10/11), o órgão defendeu a continuidade das pesquisas.

Segundo nota emitida pela Conep, o óbito do voluntário “não tem relação com qualquer evento colateral dos estudos”. "Não estava relacionado à aplicação da vacina, por isso optamos por não suspender os ensaios e recomendamos que os pesquisadores nos trouxessem apenas a avaliação final de seu comitê independente”, informou o coordenador da Conep, o médico Jorge Venâncio.

Junto com a Anvisa, a Conep é responsável por implementar normas e diretrizes regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos.

Ontem, a Anvisa anunciou a suspensão dos testes por causa de um "evento adverso grave", ocorrido com um dos voluntários do estudo. Nesta terça-feira, mais cedo, durante coletiva de imprensa, os dirigentes da agência declararam que os estudos foram interrompidos por falta de informações claras e precisas. “Documentos claros, precisos e completos precisam ser enviados, o que não aconteceu”, afirmou o diretor da Anvisa, Antonio Barra Torres.

De acordo com a diretora Alessandra Bastos, em um primeiro momento a única informação oferecida foi a de que se tratava de um "evento adverso grave" não esperado. “Diante disso, interrompe-se o estudo. Este é o protocolo”, explicou.

Nesta terça, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo confirmou que a morte do voluntário, ocorrida em 29 de outubro, “foi registrada e é investigada como suicídio pela 93º DP". Além disso, a secretaria informou que exames periciais ainda estão em andamento e "mais detalhes não serão divulgados, até a conclusão dos laudos técnicos, para não atrapalhar as investigações.

Suspensão mantida

No entanto, a Anvisa ainda mantém a suspensão. Isso porque as informações, apesar de terem sido completadas, não foram suficientes para permitir o prosseguimento do estudo.

“A posição só será alterada quando tivermos os dados brutos, dados da fonte e que comprovem a alegação. Ainda é necessário um olhar do Comitê Internacional Independente”, afirmou Gustavo Mendes, gerente geral de Medicamentos e Produtos Biológicos da Anvisa.

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