Em 2021 não haverá carnaval de rua na cidade do Rio de Janeiro. A decisão foi tomada em reunião virtual, que ocorreu nesta última terça-feira (27/10), entre os representantes dos blocos, a Riotur — órgão da Secretaria Especial de Turismo —, e especialistas em saúde e segurança pública.
Em discussão, todos concordaram ser inviável a realização do carnaval carioca durante a pandemia causada pelo novo coronavírus, que já fez mais de 150 mil vítimas fatais no país, com cerca de 5,4 milhões de pessoas infectadas desde março.
“Realizadores e desfilantes já tinham este posicionamento de que não iam desfilar sem a vacina. O nosso posicionamento é que não tem carnaval em 2021. Vai pular para 2022, e se lá a gente tiver condições de realizar”, afirmou o presidente em exercício da Riotur, Fabrício Villa Flor.
Especialistas
Especialistas em saúde que participaram do encontro apoiaram a decisão. O infectologista e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Roberto Medronho não descarta, no entanto, que a festa aconteça no ano que vem, caso a população esteja imunizada.
“A minha avaliação é que, tendo a vacina e uma cobertura vacinal adequada, e ela sendo segura e eficaz, nós poderíamos fazer não em julho, mas em meados do segundo semestre, como outubro", propôs o médico.
"Eu estou preocupado com o verão, pois vai acontecer conosco o que aconteceu com a Europa. A gente ter uma segunda onda sem terminar a primeira”, ponderou o infectologista.
A promotora Andréa Amin também apoia a iniciativa da suspensão do evento de rua em 2021, tendo em vista que ‘muita gente é irresponsável’.
“Eu fico ouvindo as coisas, e me dá muita tristeza porque eu não vejo perspectiva para termos um carnaval em 2021. Por mais que a gente tente dar uma segurança na sua realização, ele acaba tendo a sua espontaneidade como festa. E muita gente é irresponsável e, se tiver carnaval, vai para a rua”, disse a promotora.
Propostas alternativas
Os representantes dos blocos disseram que irão pensar em campanhas de prevenção, por exemplo, e alternativas para o carnaval do ano que vem com ‘aglomerações on-line’.
“Podemos trabalhar em uma campanha compartilhada. Podemos trabalhar no campo da prevenção. E, entre nós, grupos de carnaval, pensarmos no que podemos fazer no campo simbólico das lives e outras manifestações”, comentou a presidente da Associação Independente dos Blocos de Carnaval de Rua do Rio de Janeiro, Rita Fernandes.
Desfiles de escolas de samba adiados
O desfile das escolas de samba do Grupo Especial do Rio de Janeiro já havia sido adiado, sem data definida, em uma reunião da Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa), em setembro.
O presidente da Liga, Jorge Castanheira, explicou que não há como definir uma nova data até ter uma definição sobre uma vacina. "Em função de toda essa insegurança, concluímos que esse processo tem que ser adiado. Estamos em permanente reunião. Não decidimos por cancelamento, mas, nesse momento, para fevereiro o desfile das escolas de samba não tem como acontecer", afirmou.
Confira a série especial Terça-feira de cinzas, sobre o carnaval de 2021.