As polícias de São Paulo e do Paraná trabalham em conjunto para entender como o empresário Paulo Cupertino, assassino do ator Rafael Miguel e dos pais dele, conseguiu tirar um novo documento de identidade original, mas com informações falsas, na cidade de Jataizinho (PR). Foragido há mais de um ano, Cupertino agora usa o nome de Manoel Machado da Silva e, segundo as investigações, esconde-se fora do Brasil, possivelmente no Paraguai ou na Argentina.
Na foto do novo RG, ele aparece com fisionomia bastante diferente da época em que desapareceu. Antes com cabelos longos e sem barba, o fugitivo se apresentou ao órgão de identificação com cabelo curto e uma longa barba branca. A fraude foi descoberta na última segunda-feira (26/10) e as investigações apontam que ele usou documentos falsos. A comprovação da falsidade ideológica veio por conta da comparação entre as impressões digitais de Cupertino e do documento registrado em nome de Manoel Machado da Silva.
Ele também adulterou a cidade de nascimento, o número do CPF e os nomes dos pais para conseguir fraudar o documento de identificação. A Polícia Civil do Paraná apura se houve facilitação ao crime por parte do servidor público responsável pelo registro. Apesar disso, em entrevista à TV Record, o delegado Vitor Dutra de Oliveira admitiu que há a possibilidade de que o servidor tenha sido “induzido ao erro pelas características físicas diferentes que ele se apresentou para fazer a identidade, bem como os documentos falsos apresentados”.
Em entrevista ao Portal G1, o servidor, que preferiu não se identificar, lamentou que não tenha percebido a fraude. “Tenho 39 anos de carreira e caí em um conto do vigário como esse, fiquei surpreso. Já pensou se desconfio e entrego uma pessoa dessa? Queria ter feito o contrário, ter desconfiado, investigado e ter feito de um jeito para que isso não tivesse acontecido”, disse.
O crime
Aparentemente motivado por ciúmes do namoro entre o ator Rafael Miguel, 22 anos, e a própria filha, Paulo Cupertino foi até a casa da família do jovem e disparou 13 tiros contra Rafael e os pais do rapaz — João Alcisio Miguel, 52 anos, e Miriam Selma Miguel, 50 anos. Os três morreram na hora.
O crime completou um ano no último mês de junho e a irmã do ator, única sobrevivente da família, postou um vídeo em que aparece chorando ao mandar uma mensagem aos familiares ausentes. “Pensei muito em escrever um texto, mas acho que não é um dia para isso. Realmente não consigo estruturar e colocar para fora. Eu só queria conversar com vocês. Sinto muita falta e o que mais queria era isso, conversar”, colocou.
Na data, a então namorada de Rafael, Isabela Tibcherani, que presenciou o crime, também usou as redes sociais para se manifestar. “A vida não é a mesma e vivo com essa constante necessidade de me adaptar ao ambiente, me acostumar com a estranheza de ser obrigada a viver normalmente, quando por dentro tudo ainda é caos. Desculpem, mas, não sei ser tão forte quanto esperam que eu seja”, desabafou.