A Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios (Pnad) Covid-19, divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, mostrou que, até o mês de setembro, 21,9 milhões de brasileiros fizeram algum teste para saber se estavam infectados pelo novo coronavírus. Representa dizer que somente em torno de 10% da população do país –– que tem aproximadamente 211,8 milhões de habitantes, conforme o mesmo IBGE divulgou em 27 de agosto passado –– foram submetidos aos exames para saber se tinham a covid-19. Desses, 4,8 milhões receberam diagnóstico positivo. O resultado também mostrou um aumento em relação a agosto, que contabilizou 17,9 milhões de pessoas testadas.
Segundo o instituto, quanto maior o nível de escolaridade, maior o porcentual de testados: entre as pessoas sem instrução ao fundamental incompleto, 5,5% passaram por algum exame, contra uma fatia de 21,5% dos brasileiros com ensino superior completo ou pós-graduação.
O acesso à testagem também tem relação com a renda. Quanto maior a classe de rendimento domiciliar per capita, maior o porcentual daqueles que realizaram algum exame para a covid-19, chegando a 20,9% entre as pessoas no 10º mais elevado de renda, mas descendo a 5,4% no primeiro décimo e 5,5% no segundo décimo.
O Distrito Federal foi a unidade da Federação que mais realizou exames, representando 22% de todos os que foram feitos no país. Em seguida, aparecem Piauí e Goiás, com 17% e 16%, respectivamente. Pernambuco foi o que menos testou para a doença: apenas 6,8%. O Acre aparece em seguida, com 6,9%, e Minas Gerais, com 7,8%.
Tipos de testes
Em relação ao tipo de teste, o rápido, feito com a coleta de sangue por um furo no dedo, foi o mais procurado, com 9,8 milhões de testagens e 17,3% de resultados positivos. Em seguida, oSWAB ou RT-PCR, que usa secreção nasal ou oral para diagnóstico, foi realizado por 8,8 milhões de pessoas. Desses, 25,9% constataram a doença. O teste com coleta de sangue no braço foi feito por 6,3 milhões de brasileiros e 25,6% tiveram a covid confirmada.
A pesquisa também indicou que 9,2 milhões de pessoas (4,4% da população) apresentaram algum dos sintomas pesquisados de síndromes gripais em setembro. Desses, 24,1% procuraram atendimento em alguma unidade de saúde. Das pessoas que apresentaram os indicativos que se enquadram em síndrome gripal, 56,7% eram mulheres, 47,5% tinham entre 30 e 59 anos e 55,7% se declararam de cor preta ou parda.
O mês analisado pela Pnad contabilizou 46,7 milhões de pessoas com alguma doença crônica, cerca de 22,1% da população. A incidência de coronavírus nessa população foi de 3,0%, de acordo com a pesquisa.
A sondagem também indicou que as pessoas com idade entre 30 e 59 anos foram as que mais testaram para o coronavírus, representando 14,3% dos registros. Em seguida, o grupo etário de 20 a 29 anos, somou 12,1%. Entre aqueles com 60 anos ou mais, apenas 9,2% realizaram algum teste.
Isolamento social
Entre os 211,8 milhões de brasileiros, apenas 16,3% da população, cerca de 34,5 milhões, ficaram em isolamento social total. Cerca de 84,1 milhões (39,8%) reduziram o contato com outras pessoas, mas continuaram saindo de casa. A maior parcela da população, 85,3 milhões (40,3%), ficou em casa e só saiu em caso de necessidade básica.
O Norte apresentou o índice mais baixo de isolamento, de acordo com o mês analisado pela pesquisa. Em comparação com agosto, a região mostrou uma redução de 3,8 pontos percentuais (p.p.) das pessoas que ficaram rigorosamente isoladas e aumento de 4,3 p.p. daqueles que reduziram o contato, mas continuaram saindo de casa.
As mulheres também foram as que mais aceitaram as medidas de isolamento, se comparadas com os homens. Em relação aos grupos de idade, a restrição ficou maior entre aqueles com até 13 anos, representando 44,3%. As faixas etárias mais jovens e as mais avançadas apresentaram queda na proporção dos que ficaram rigorosamente isolados em relação a agosto: queda de 8,1 p.p para 4,8 p.p.