Tecnologia

Inaugurado centro de inteligência artificial

Começaram, ontem, as atividades do Centro de Inteligência Artificial (C4AI) do Brasil, projeto realizado pela empresa IBM, em parceria com a Universidade de São Paulo (USP) e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). As primeiras cinco frentes de estudo serão relacionadas com saúde, meio ambiente, cadeia de produção de alimentos, língua portuguesa e futuro do trabalho.

O C4AI tem financiamento garantido por 10 anos. IBM e Fapesp reservarão, cada uma, até US$ 500 mil anualmente para implementar o programa, que terá avaliações periódicas. A USP investirá até US$ 1 milhão por ano em instalações físicas, laboratórios e professores, técnicos e administradores para gerir o centro.

Dedicado aos estudos e pesquisa de ponta em inteligência artificial (IA), o C4AI tem como sede o prédio do Centro de Pesquisa e Inovação InovaUSP, localizado no campus da Universidade de São Paulo. Para o pró-reitor de pesquisa da USP, Sylvio Canuto, o Brasil está pronto para dar grandes saltos nas pesquisas sobre o tema. E citou como exemplo os vírus da zika e da covid-19, que tiveram seus genes mapeados por pesquisadores brasileiros com rapidez e competência.

Para o gerente geral da IBM Brasil, Tonny Martins, IA habilita a transformação da sociedade e das empresas. “Com o Centro, estamos criando um ecossistema que engloba os setores produtivo, acadêmico e de inovação para que o valor real da inteligência artificial aumente a experiência e habilidades dos talentos humanos, colocando a tecnologia a serviço de governos, cidadãos e negócios em diversos setores da economia”, disse.

Linhas de ação
As cinco frentes a serem trabalhadas pelo C4AI são AgriBio, políticas públicas e o futuro do trabalho, Amazônia Azul, modelamento de AVCs e a aplicação da língua portuguesa no Processamento de Linguagem Natural (PNL). A AgriBio trabalhará os ciclos produtivos do agronegócio, gerência da cadeia de alimentos, sequestro (captura) de carbono e a utilização de modelos de correlação para tomada de decisão baseada em causa e efeito, em prol de desenvolver uma agricultura sustentável que resolva os problemas de desperdício de água e alimentos.

Já a chamada Amazônia Azul refere-se à vasta região do Atlântico na costa brasileira, rica em biodiversidade e recursos energéticos. O projeto pretende desenvolver sistemas de respostas que levem dados e conhecimentos de domínio, para resolver perguntas sobre o bioma marinho, como, por exemplo, como surgiram as manchas de óleo na costa do Nordeste brasileiro.

O modelamento de AVCs utilizará ferramentas de aprendizagens de máquina, os chamados grafos, para obter um melhor diagnóstico e, também, reabilitação dos pacientes que sofreram acidente vascular cerebral (AVC). Para isso, são necessárias as análises para integrar e selecionar os recursos médicos relevantes (biomarcadores) e interpretar decisões tomadas por algoritmos de aprendizado de máquina, em uma integração entre inteligência humana e artificial.

A linha de políticas públicas e o futuro do trabalho pretende envolver diversas áreas de humanas da USP, como economia, história, ciências sociais e sociologia para mapear, compreender e abordar os impactos do desenvolvimento de inteligências artificiais em economias como a do Brasil. O último campo de pesquisa é a produção de ferramentas para processamento em língua portuguesa, que irá treinar sistemas de diálogo, para aprimorar a análise e extração de conhecimento de grandes fontes de dados, melhorar os assistentes virtuais e monitorar as redes sociais.

*Estagiário sob a supervisão de Andreia Castro