A Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo suspendeu, nesta sexta-feira (9/10), um professor que fez uso de "blackface" em aula on-line para mostrar para os alunos como conversar com pacientes pobres. A prática de fazer caracterização com esteriótipos atribuídos a negros é considerada racista.
Na aula, transmitida na terça-feira (6/10), o professor Ronald Sergio Pallotta Filho, que é branco, apareceu com uma máscara preta e simulou ser um paciente do Sistema Único de Saúde (SUS). "Eu não como essas comidas de fraco daqui do SUS não, sabe? Eu não como não. Eu como comida de macho, de macho. Você tá entendendo?", afirma, durante a imitação.
Em nota, a faculdade informou que instaurou sindicância para apurar o caso e que, enquanto aguarda a conclusão, o professor foi suspenso.
"A instituição informa que repudia veementemente qualquer ação de cunho sexista, racista ou preconceituosa. Foi instaurada pela direção da faculdade uma sindicância interna para apuração dos fatos, que pode resultar, de acordo com o Regimento Interno da Faculdade, no afastamento do médico envolvido. A sindicância, que assegura ao médico o exercício da ampla defesa e do contraditório, tem a duração máxima de 60 dias. Durante a sua duração, o professor está suspenso de suas atividades didáticas", diz o comunicado.
Em nota ao G1, o professor afirmou que não teve intenção de ser racista e que usou a máscara para fazer uma encenação e melhorar a compreensão dos alunos: "A aula que estava sendo exposta aos alunos deveria ser presencial e prática, diretamente com pacientes; por tal motivo me posicionei como ‘ator’ para melhor entendimento dos alunos, acrescendo conteúdo lúdico à explanação. Em nenhuma hipótese tive a intenção de expor qualquer conteúdo de índole racista e sequer era familiarizado com o conceito de 'blackface', sobre o qual fui procurar me informar após a repercussão negativa. Ao compreender o que isso representa hoje, me sinto constrangido, mas ao mesmo tempo reafirmo que jamais tive a intenção de ofender".