O condomínio Aldeia do Vale, em Goiânia (GO), afirmou que a cliente que barrou a entrada de um entregador negro no residencial, na noite desta segunda-feira (26/10), não é moradora do local. Segundo a administração do empreendimento, a polícia repassou o nome da pessoa que fez o pedido pelo aplicativo e os registros apontam que ela não mora e nunca morou no Aldeia do Vale. "Tudo não passou de um trote criminoso por alguém que nunca residiu aqui", diz o condomínio, em nota assinada pelo presidente da associação de moradores, Sérgio Cecílio.
A denuncia contra a cliente foi feita por uma hamburgueria da capital goiana. Segundo a lanchonete, ao entrar em contato com a mulher, ela teria dito que não receberia o entregador por ele ser negro. “Esse preto não vai entrar no meu condomínio”, respondeu. “Manda outro motoboy que seja branco”, prosseguiu. A cliente foi banida pelo aplicativo iFood.
Protesto na frente do condomínio
Segundo o condomínio, após a repercussão do ocorrido, um protesto foi realizado no residencial nesta terça-feira (27/10). Segundo a nota, mais de 100 motociclistas se reuniram em frente à portaria e foi necessário pedir apoio policial para organizar a manifestação. Eles protestaram bradando palavras como “queimem os racistas” e “morte aos riquinhos”.
O Aldeia do Vale ainda informou que alguns moradores foram represados pelos manifestantes. "Diversas situações constrangedoras aconteceram: um morador que estava chegando ao condomínio, com sua filha e esposa em seu veículo, foi cercado pelos manifestantes, do lado externo do nosso bloqueio. Alguns arruaceiros quebraram com chutes o retrovisor e algumas peças da lateral deste carro", afirma a administração do empreendimento.
Confira a íntegra da nota:
"O Condomínio Aldeia do Vale, em Goiânia, informa que recebeu, no início da noite, a informação da Delegacia Estadual de Crimes Cibernéticos acerca do nome da pessoa que cometeu o crime de racismo na noite do dia 25.10 e, que, imediatamente, verificou que ela não é moradora do condomínio.
A elucidação aconteceu após um dia tenso para os moradores que acabaram sofrendo um julgamento coletivo em razão da repercussão da denúncia feita pela hamburgueria nas redes sociais acerca da atitude da cliente, que disse ser moradora do condomínio e pediu para lá ser feita a entrega de seu pedido. Através da caixa de diálogo do aplicativo de entrega de comida, ela disse que não receberia o entregador por ele ser negro.
Revoltados, vários entregadores programaram através das redes sociais uma manifestação às 17h de terça, na porta do Aldeia do Vale. Às 17:25h, mais de 100 motociclistas vieram em direção à portaria Floresta, e foi necessário pedir apoio policial para organizar a manifestação e garantir a segurança de todos. Eles protestaram bradando palavras de como “QUEIMEM OS RACISTAS”, “BURGUESES #*$%”, “MORTE AOS RIQUINHOS” entre outras.
Diversas situações constrangedoras aconteceram: um morador que estava chegando ao condomínio, com sua filha e esposa em seu veículo, foi cercado pelos manifestantes, do lado externo do nosso bloqueio. Alguns arruaceiros quebraram com chutes o retrovisor e algumas peças da lateral deste carro.
No final da tarde, a administração recebeu, através da POLICIA CIVIL, o nome da pessoa que através de seu aplicativo cometeu o crime racial e causou todo este transtorno. Checando em nossos cadastros, temos certeza em informar que ela NÃO É E NUNCA FOI MORADORA DO ALDEIA DO VALE
Ou seja, tudo não passou de um trote criminoso por alguém que nunca residiu aqui.
A Polícia Civil continuará as apurações para determinar a culpabilidade desta mulher, e a SAALVA tomará todas as medidas cabíveis para responsabilizar os responsáveis por este absurdo.
Mais uma vez, manifestamos nossa repúdia a atitudes racistas e nos solidarizamos com o entregador Elson Gomes, a quem manifestamos nosso apoio e simpatia. Precisamos lutar contra todos os tipos de preconceito todos os dias e em todos os espaços.
Sérgio Cecílio
Presidente da Saalva - Residencial Aldeia do Vale
Goiânia, 27 de outubro de 2020"
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