O secretário-executivo do Ministério da Saúde, Élcio Franco, negou, nesta quarta-feira (21/10), que o governo federal pretenda adquirir as doses da vacina CoronaVac, candidata chinesa com parceria entre a farmacêutica Sindovac e o Instituto Butantan.
"Não há intenção de compra de vacinas chinesas", afirmou Franco, acrescentando, ainda, que, "no que depender desta pasta, (a imunização contra covid) não será obrigatória". O discurso ocorre logo após o presidente Jair Bolsonaro negar as aquisições do que se referiu como "vacina chinesa de João Doria", reiterando que não iria fazer o povo brasileiro de "cobaia".
A mensagem de que a pasta iria incorporar a CoronaVac ao Programa Nacional de Imunizações (PNI) surgiu na terça-feira (20) durante reunião com governadores, realizada por meio de vídeoconferência. Segundo o Ministério da Saúde, houve uma interpretação equivocada da fala da pasta. "Em momento nenhum, a vacina foi aprovada pela pasta, pois qualquer vacina depende de análise técnica e aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED) e pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec)", esclareceu Franco.
No entanto, o novo posicionamento contradiz, inclusive, a própria publicação do MS, que, em matéria publicada no site oficial da pasta e apagada depois, confirma a incorporação da CoronaVac. "A ação é mais um passo na estratégia de ampla oferta de vacinação aos brasileiros. Somadas, as três iniciativas — AstraZeneca, Covax e Butantan-Sinovac — representam 186 milhões de doses, a serem disponibilizadas ainda no primeiro semestre de 2021, já a partir de janeiro", chegou a vincular a pasta.
Após a tentativa de reverter o anúncio com o argumento de interpretação equivocada, o governo de São Paulo disponibilizou, na íntegra, a reunião na qual foram feitas as tratativas. "Em nome da transparência", argumentou a secretaria de comunicação paulista ao decidir pela divulgação.
Covax Facility
No pronunciamento, o secretário-executivo ainda reiterou que, por parte da pasta, os esforços se concentram na adesão na iniciativa Covax Facility, com a opção de compra de vacinas, além do contrato de encomenda tecnológica da vacina da AztraZeneca com a Universidade de Oxford. "Não houve qualquer compromisso com o governo do estado de São Paulo ou seu governador, no sentido de aquisição de vacinas contra covid-19. Tratou-se de um protocolo de intenção entre o Ministério da Saúde e o Instituto Butantan, sem caráter vinculante", acrescentou Franco.
Em uma publicação pelas redes sociais, o chefe do Executivo disse que antes de ser disponibilizada à população, a imunização deverá ser comprovada cientificamente e que não fará "um bilionário aporte financeiro num medicamento que sequer ultrapassou sua fase de testagem".
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