O presidente Jair Bolsonaro desautorizou o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, ao afirmar, na manhã desta quarta-feira (21/10), que o governo não comprará as 46 milhões de doses da vacina CoronaVac, desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac e oferecida pelo governador de São Paulo, João Doria (PSDB), como anunciado na terça pela pasta.
Em uma publicação pelas redes sociais, o chefe do Executivo disse que antes de ser disponibilizada à população, a imunização deverá ser comprovada cientificamente pelo Ministério da Saúde e certificada pela
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). De acordo com o mandatário, “o povo não será cobaia de ninguém”. Ele acrescentou que não justifica “um bilionário aporte financeiro num medicamento que sequer ultrapassou sua fase de testagem”.
“A vacina chinesa de João Doria: Para o meu Governo, qualquer vacina, antes de ser disponibilizada à população, deverá ser COMPROVADA CIENTIFICAMENTE PELO MINISTÉRIO DA SAÚDE e CERTIFICADA PELA ANVISA. O povo brasileiro NÃO SERÁ COBAIA DE NINGUÉM. Não se justifica um bilionário aporte financeiro num medicamento que sequer ultrapassou sua fase de testagem. Diante do exposto, minha decisão é a de não adquirir a referida vacina”, declarou.
A VACINA CHINESA DE JOÃO DORIA
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) October 21, 2020
- Para o meu Governo, qualquer vacina, antes de ser disponibilizada à população, deverá ser COMPROVADA CIENTIFICAMENTE PELO MINISTÉRIO DA SAÚDE e CERTIFICADA PELA ANVISA.
- O povo brasileiro NÃO SERÁ COBAIA DE NINGUÉM. (continua).
Mais cedo, o presidente já havia respondido a internautas em seu Facebook, apontando que a vacina não seria comprada.
"Presidente, a China é uma ditadura, não compre essa vacina, por favor. Eu só tenho 17 anos e quero ter um futuro, mas sem interferência da Ditadura chinesa", disse um apoiador. O presidente respondeu: "NÃO SERÁ COMPRADA", em caixa alta.
Outra usuária que disse para o presidente exonerar o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, "urgente" porque ele estaria sendo cabo eleitoral do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), Bolsonaro respondeu que "tudo será esclarecido hoje". "NÃO COMPRAREMOS A VACINA DA CHINA", voltou a dizer.
A outro usuário que disse que Pazuello os traiu ao comprar a vacina chinesa e disse que o presidente "se enganou mais uma vez", Bolsonaro afirmou que "qualquer coisa publicada, sem qualquer comprovação, vira TRAIÇÃO". Segundo apurou o Blog da Denise, as eleições de 2022 estão por trás da decisão.
“Venceu o Brasil”
Em uma outra postagem, Doria cumprimentou Pazuello pela iniciativa.“Meus cumprimentos ao ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, pela aprovação da compra da vacina do Butantan contra a COVID-19. Um gesto correto para salvar vidas”.
Em vídeo, o governador disse também que a “aprovação feita foi uma vitória da vida, da solidariedade. Parabéns pela atitude, pelo posicionamento o Brasil precisa disso, de paz, de união, integração e a vacina para salvar os brasileiros”.
Essa é mais uma queda de braço entre Bolsonaro e o tucano. Na segunda-feira, Bolsonaro voltou a criticar Doria sobre a declaração acerca da obrigatoriedade da vacinação contra a covid-19 no estado. O presidente afirmou que a Constituição não prevê tal medida e que cabe a cada brasileiro decidir. O chefe do Executivo insistiu: “O meu ministro da Saúde já disse que não será obrigatória essa vacina e ponto final”, disparou.
Doria em Brasília
No começo da tarde, o governador e a comitiva participam de reunião com o Presidente da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), Antonio Barra Torres. Por fim, Doria irá ao Supremo Tribunal Federal (STF) para uma audiência com o presidente da Corte, Luiz Fux, retornando no mesmo dia para a capital paulista. O presidente Bolsonaro, por sua vez, estará em São Paulo, em visita às instalações do Centro Tecnológico da Marinha (CTMSP), em Iperó.
O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, também se reuniria com Doria, mas está em casa, sob suspeita de covid-19.
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