VIOLÊNCIA

Milícias controlam 57% do território do Rio de Janeiro, informa estudo

Levantamento mostra que 2,2 milhões de habitantes da capital fluminense estão em áreas controladas por milicianos

Sarah Teófilo
postado em 19/10/2020 15:00 / atualizado em 19/10/2020 21:13
 (crédito: Fernando Frazão/Agência Brasil)
(crédito: Fernando Frazão/Agência Brasil)

As milícias controlam 57,5% do território da capital do Rio de Janeiro, conforme estudo divulgado nesta segunda-feira (19/10) que analisou o cenário de 2019. Os grupos dominam 25,5% dos bairros da cidade. A predominância abrange, no total, 2,2 milhões de habitantes, o que equivale a 12,7% da população carioca, considerando estimativa populacional do IBGE do ano passado. O estudo mostra que o poderio das milícias é maior que o de todas as facções juntas quando analisada a extensão territorial.

O Mapa dos Grupos Armados do Rio de Janeiro foi elaborado pelo Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos (GEN) da Universidade Federal Fluminense (UFF), o datalab Fogo Cruzado, o Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (USP), e a plataforma digital Pista News e o Disque-Denúncia.

Conforme análise, as milícias controlam 686,75 quilômetros quadrados. Já as facções criminosas Comando Vermelho, Terceiro Comando e Amigo dos Amigos (ADA) têm 11,4%, 3,7% e 0,3%, respectivamente. O estudo apontou que em 2019, um quarto do território ainda estava sendo disputado e que 41,4% da população mora nestas áreas disputadas.

Na Região Metropolitana, as milícias controlam 21,8% dos bairro; o Comando Vermelho, 23,7%. Já 18,1% dos bairros continuam sendo áreas de disputa dos grupos armados.

Disputa

O estudo aponta uma mudança no cenário do crime no estado do Rio de Janeiro. Conforme observado, antes esta situação estava centrada nas disputas territoriais entre facções do tráfico de drogas e os tiroteios entre esses grupos e policiais.

“Segundo o mapa, as milícias também entram em disputas territoriais violentas e atuam em territórios cada vez mais extensos, onde controlam esses bairros ilegalmente, cobrando taxas extorsivas sobre os mercados de serviços essenciais como água, luz, gás, TV a cabo, transporte e segurança, além do mercado imobiliário”, informou o pesquisador da UFF Daniel Hirata.

Para o estudo, foram analisadas 37.883 denúncias relativas milícias ou tráfico de drogas recebidas pelo Disque Denúncia. Com os dados, houve uma divisão e classificação das regiões controladas Comando Vermelho, Terceiro Comando, Amigos dos Amigos e pelas milícias.

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