O Ministério Público de Goiás (MPGO) entrou com um recurso na quarta-feira (14/10) pedindo a nulidade da decisão que trancou a investigação contra o padre Robson de Oliveira, suspeito de condutas criminosas relacionadas a irregularidades nas Associações Filhos do Pai Eterno (Afipes). Segundo o MP, parte das doações de fiéis teria sido usada para compra de fazendas, carros, gado e até casa na praia. O religioso nega irregularidades na administração.
A investigação da Operação Vendilhões foi trancada em 6 de outubro. O desembargador Nicomedes Borges, do Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO), entendeu que a Afipe é uma entidade privada e que não há provas suficientes de que o dinheiro doado pelos fiéis tinha desvio de finalidade.
No recurso, o Ministério Público alega que o órgão não foi ouvido, o que fere o Código de Processo Penal, além de desconsiderar novas provas produzidas ao longo da investigação. Por fim, os promotores afirmam que a decisão trancou também outra investigação, que não tinha relação com o caso e apurava a suspeita de conduta criminosa por parte de integrantes da Polícia Civil em uma extorsão contra o padre Robson em 2017.
O pedido de embargos de declaração foi feito diretamente ao desembargador Nicomedes Borges, relator do habeas corpus que trancou a investigação.
Operação Vendilhões
O MPGO deflagrou a Operação Vendilhões em 21 de agosto. Na ocasião, foram cumpridos 16 mandados de busca e apreensão em Trindade e em Goiânia. O MP suspeitava da prática de crimes de apropriação indébita e lavagem de dinheiro. A quantia investigada chega a R$ 1,7 bilhão.
Segundo os procuradores, foi descoberta uma teia de movimentações financeiras, envolvendo a compra e venda de imóveis — casas, apartamentos e fazendas — em Goiás e outros estados, além de transferências de valores entre contas bancárias. Entre os imóveis investigados, está uma casa de praia na Bahia.
No mesmo dia da operação, a Justiça também autorizou a quebra de sigilo dos dados bancários, fiscais e telefônicos do padre. Um dia depois, o sacerdote pediu afastamento das funções de reitor do Santuário Basílica de Trindade e da presidência da Afipe.
O Ministério Público chegou a pedir a prisão do padre, sob o argumento de que a detenção seria necessária porque os desvios de dinheiro estariam ocorrendo há anos. No entanto, o pedido foi negado pela juíza Placidina Pires, da Vara de Feitos Relativos a Organizações Criminosas e Lavagem de Capitais da comarca de Goiânia.
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