SAÚDE

Covid-19: apenas uma das quatro vacinas em teste no Brasil está no calendário de imunização

A previsão do governo é distribuir 100 milhões de doses da candidata de Oxford ainda no primeiro semestre de 2021

Bruna Lima
postado em 15/10/2020 06:00 / atualizado em 15/10/2020 06:05
 (crédito:  AFP / Yasin AKGUL)
(crédito: AFP / Yasin AKGUL)

Mesmo com quatro vacinas autorizadas para realização de estudos no Brasil, apenas a candidata da farmacêutica AstraZeneca, em parceria com a Universidade de Oxford, entrou para o cronograma de imunização contra a covid-19 do Ministério da Saúde. A pasta apresentou, ontem, o Programa Nacional de Imunização aos secretários de saúde dos estados, que sentiram falta das outras iniciativas não previstas no calendário.

Até o imunizante Coronavac, produção da chinesa Sinovac, tão avançado quanto o britânico e cujo acordo também prevê transferência de tecnologia, ficou de fora. Fontes ouvidas pelo Correio e que participaram da reunião afirmam que a decisão do governo federal abriu uma nova brecha de discordância com os representantes estaduais, depois de uma breve pacificação dos ânimos trazida pela interlocução do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello.

A previsão do governo é distribuir 100 milhões de doses da candidata de Oxford ainda no primeiro semestre de 2021; as vacinas devem vir prontas para a aplicação. Enquanto isso, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) trabalhará na produção de mais imunizantes, já que a parceria prevê a transferência de tecnologia para confecção em território brasileiro. Assim, para o segundo semestre, a expectativa é de distribuir mais 165 milhões de doses.

A notícia, apresentada pelo secretário-executivo da pasta, Elcio Franco, foi considerada promissora. Mas não o suficiente para apaziguar a insatisfação sobre a exclusão da Coronavac no Programa Nacional de Imunização. O desconforto começou já na última semana quando, em coletiva de imprensa, o secretário afirmou não ser possível “comprar o que não existe”, se referindo ao imunizante chinês.

Doria

Ontem, o governador de São Paulo, João Doria, rebateu a fala de Franco, ressaltando que se reunirá, no próximo dia 21, com o ministro Pazuello para alinhar os procedimentos para aquisição da vacina pelo Ministério da Saúde. “Vacina que existe e já está sendo aplicada em 13 mil voluntários em sete estados brasileiros”. Doria ainda anunciou a conclusão da fase 3 de testagem da vacina. Os resultados devem ser apresentados na segunda-feira.

Questionada sobre a não inclusão da Coronavac na apresentação do governo, a Secretaria de Saúde de São Paulo disse esperar que “o ministério honre com seu papel primordial, garantindo vacinação gratuita, segura e eficaz para proteger a população de São Paulo e do Brasil”.

O Ministério da Saúde destacou que já firmou duas parcerias, com o laboratório AstraZeneca e Universidade de Oxford e com o consórcio Covax Facility. “A intenção é de disponibilizar aos brasileiros, tão cedo quanto possível, uma vacina eficaz, em quantidade e qualidade para atender a população. Segundo a pasta, o imunizante que ficar pronto primeiro, desde que atendendo a todos os critérios de segurança e eficácia, será uma opção para aquisição.

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