O governo federal lançou, nesta quarta-feira (14/10), um programa de medicina de precisão que vai permitir o armazenamento em um banco de dados de 100 mil genomas completos de brasileiros. A iniciativa, intitulada Genomas Brasil, deve possibilitar que suscetibilidades de uma pessoa em desenvolver determinadas doenças sejam identificadas antes mesmo dos primeiros sintomas, de acordo com o Ministério da Saúde.
Segundo a pasta, a plataforma permitirá compreender a relação entre genes e doenças na população e pode trazer para o Sistema Único de Saúde (SUS) melhorias como o acesso a diagnósticos mais precisos, a capacidade de prever e prevenir doenças e a personalização do tratamento com base na informação genética.
O projeto Genomas Brasil sequenciará genes de portadores de doenças raras, cardíacas, câncer e infectocontagiosas, como a covid-19. A escolha das doenças, conforme informou o Ministério da Saúde, levou em conta a quantidade de casos no país e o alto custo que geram ao SUS. O investimento previsto para os primeiros quatro anos do programa é de, pelo menos, R$ 600 milhões.
Segundo a pasta, por usar dados genéticos das pessoas, a medicina de precisão torna o diagnóstico mais exato, o que permite a personalização do tratamento, e torna todo o processo mais seguro e eficaz. O ministério ainda destacou que, nessa área da medicina é possível observar e compreender o comportamento das doenças, para que, a longo prazo, o melhor tratamento, ou até mesmo a cura de algumas delas seja alcançada.
Atrás do prejuízo
Na cerimônia que marcou a apresentação do programa, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, disse que o lançamento da iniciativa é importante porque o Brasil chegue ao mesmo patamar de outros países que já contam com um projeto parecido. “Nós já estamos atrasados. Grande parte do mundo já está há mais de oito anos tratando de genoma, terapia genômica, e nós precisamos correr atrás do prejuízo. Nós estamos efetivamente focados em buscar o mapeamento do DNA de 100 mil brasileiros em 4 anos e isso vai nos dar capacidade de medicina de precisão”, disse.
Já o secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos em Estratégia do Ministério da Saúde, Helio Angotti Neto, acrescentou que a proposta "é uma iniciativa que vai mudar a medicina". "Com o conhecimento do DNA da nossa população, poderemos conhecer a relação entre o código genético e as doenças. Poderemos desenvolver um tratamento específico para uma única pessoa ou para um grupo de indivíduos que possua a mesma informação genética", afirmou.
Fases
O programa foi dividido em três partes. Na primeira fase, o objetivo do governo é fortalecer as áreas de ciência e tecnologia no Brasil, apoiando financeiramente a execução de pesquisas e formação de pesquisadores altamente qualificados.
Dessa forma, o Ministério da Saúde firmou acordo com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) este ano, no qual disponibilizou mais de R$ 71 milhões do seu orçamento para viabilizar ações de fomento à pesquisa e à capacitação de pesquisadores.
Segundo a pasta, a segunda etapa terá como foco estabelecer um projeto piloto de pesquisa para avaliar a viabilidade de implementação de serviço de genômica e saúde de precisão no SUS, além de qualificar os profissionais da rede pública para a medicina personalizada e de precisão.
Os participantes da pesquisa que terão seus genomas sequenciados serão recrutados diretamente pelos serviços da rede pública que cuidam dos pacientes com doenças raras, cardiovasculares, oncológicas e infectocontagiosas do SUS.
Por fim, a terceira fase consistirá no fortalecimento e no estímulo da indústria brasileira de genômica e saúde de precisão. O Genomas Brasil, segundo o ministério, prevê a criação de um programa de pré-aceleração de startups, com o objetivo de estimular ideias inovadoras para a indústria nacional.
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