Os seguidores de Tadashi Kadomoto se surpreenderam ao não o encontrar on-line para a sessão de meditação guiada às 20h deste domingo (11/10). O terapeuta oferece diariamente duas lives de treinamento mental, a primeira é sempre às 6h, e até agora não havia faltado ao compromisso com os seguidores. Entretanto, depois que a Globo News divulgou que ele se tornou réu em um processo que investiga múltiplos estupros, Kadomoto ficou em completo silêncio nas redes sociais até o fim da noite de domingo, quanto publicou um vídeo se defendendo e anunciando um afastamento temporário de todas as atividades.
Com mais de 1,6 milhão de seguidores no Instagram, 223 mil no Youtube e quase 39 mil no Facebook, Tadashi Kadomoto publicou vídeos, textos e outros conteúdos em que fala sobre equilíbrio emocional, resiliência, como cultivar a gratidão e formas de melhorar as relações com o próximo. Depois que a acusação de estupro foi divulgada, tanto o canal do YouTube pessoal do terapeuta quanto o do instituto que leva o nome dele foram retirados do ar. As outras redes sociais, entretanto, permaneciam ativas até a publicação dessa reportagem.
Apesar disso, e das cobranças de seguidores que surgem nos diferentes canais, Kadomoto não se manifestou sobre a denúncia. No Facebook, o último vídeo publicado por ele foi postado às 7h deste domingo. Em um ambiente rural, ao som de grilos e com uma paisagem verde de fundo, Kadomoto recita uma de suas costumeiras lições.
“Olá, vamos ser feliz? Eu preciso entrar em conexão com as montanhas. Eu preciso sentir a energia das montanhas. Eu aprendi com um grande xamã, um grande sábio há muitos anos atrás que me disse ‘no dia que você entrar em contato com o espírito de uma montanha você vai começar a perceber a sua grandiosidade e perceber o poder infinito de cura que existe na mãe terra’. (...) A mãe terra é viva, as montanhas têm vida, elas também têm espírito. (...) Nós precisamos estar em sintonia com a mãe terra, com as montanhas para viver em harmonia com o todo. Gratidão”, disse aos seguidores em pouco mais de um minuto.
Mais de 30 anos de atuação
Antes mesmo da popularidade alavancada pelas redes sociais e da onda de cursos de coaching no Brasil, Kadomoto já dava cursos e palestras motivacionais em várias regiões do país. Segundo informações publicadas no site do instituto criado por ele, o terapeuta começou a dar treinamentos na área comercial em 1982 e fundou a organização em 2001.
Apesar de se chamar de terapeuta, Tadashi Kadomoto não é psicólogo. A formação alegada por ele é em Programação neurolinguística (PNL) — abordagem criada por Richard Bandler e John Grinder na California, Estados Unidos na década de 1970. Mas ele também cita preceitos do budismo, além de dizer-se pós graduado em técnicas de hipnose, também nos Estados Unidos, terapia de vidas passadas, técnicas xamânicas e física quântica.
A sede do Instituto Tadashi Kadomoto é em São Paulo, mas também há uma clínica em Campinas — que recebe clientes para diversos tipos de terapia, individual, de casal ou voltada a crianças e adolescentes. Já workshops, palestras e cursos não ficam limitados aos espaços físicos no estado. Tanto Kadomoto quanto outros terapeutas do instituto viajam o Brasil dando palestras sobre como quebrar crenças limitantes e aumentar a autoestima.
Com a pandemia em 2020, Kadomoto passou a oferecer também cursos online, não só no próprio site, mas também em plataformas de eventos virtuais. Ele também tem muitos livros publicados pela Editora Gente, com títulos comuns ao mercado de autoajuda como Ninguém Tropeça em Montanha, Da Razão ao Coração e O Mestre do Impossível – mude suas crenças e conquiste o seu futuro.
Em uma entrevista ao portal A crítica no fim de 2018, Kadomoto resumiu a filosofia que passava nos cursos, vídeos e livros que produzia: “nós acreditamos que eu só posso cuidar do outro se eu sei cuidar de mim. Então se eu não sei lidar com as minhas questões não tem como ajudar o outro a lidar com aquelas questões que eu não sei cuidar na minha vida ainda”.
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