Um flagrante de violência policial ocorrido na capital do Amapá, Macapá, circula pelas redes sociais desde o fim de semana. Nas imagens, uma mulher negra questiona uma abordagem da Polícia Militar e é agredida.
“Desse jeito, aqui na porta da minha casa, fazendo tudo o que eles estão fazendo”, narra ela no início da sequência. Logo depois um dos policiais, armado, ordena que ela se afaste enquanto o outro lhe dá voz de prisão. Ainda que ela não pareça apresentar resistência, apenas responde “estou presa”, o segundo policial dá uma rasteira na cidadã e, em seguida, a joga no chão. Os oito segundos finais do vídeo são os mais violentos. Com a mulher deitada, o PM desfere socos no rosto da vítima, que começa a gritar.
A cena parece ter sido filmada por uma janela. No início de toda a violência, o homem que estava gravando chegou a gritar para os policiais “ei, está doido”. Mas nem isso impediu que um deles continuasse agredindo a mulher.
Confira o vídeo a seguir (CONTÉM CENAS DE AGRESSÃO):
Vítima precisou pagar fiança
Segundo informações do portal G1, a cena foi gravada na noite da última sexta-feira (18/9) e a vítima, a pedagoga Eliane Espírito Santo da Silva, de 39 anos, chegou a ser presa por resistência, desacato e desobediência. Ela declarou que, depois da ação violenta, ainda sofreu racismo na delegacia.
“Para mim isso foi uma tortura, mexeu muito com meu psicológico. [...] Eu fui chamada de preta, fui chamada de vagabunda por eles na delegacia. Eu me senti ofendida e para mim foi um preconceito muito grande, porque éramos os únicos negros ali”, contou. Eliane ainda precisou pagar uma fiança de R$ 800 para ser liberada.
Em nota, o governador do Amapá, Waldez Góes (PDT), declarou que as imagens “envergonham as forças de segurança do Estado” e que “a cena fica ainda pior pois é recheada de atitudes racistas”. No texto, Góes ainda declarou ter certeza de que se trata de um “fato isolado” e comunicou que pediu ao Comando Geral da Polícia Militar “uma apuração criteriosa e rápida dos fatos”.
Como começou
Ainda de acordo com declarações dadas por Eliane ao G1, ela estava acompanhada do marido, dois amigos, um adolescente de 15 anos e uma menina de 4 anos dentro de um carro estacionado na frente da casa da família. Tudo começou quando os três policiais militares chegaram e começaram a revistar os homens, pedindo que Eliane fosse para o outro lado da rua.
Quando Elaine passou a pedir para que os policiais liberassem o adolescente e começou a filmar com o próprio celular a ação, virou alvo de agressão de um dos agentes. Ela declarou ainda que o marido, Thiago da Silva, já tinha questionado a ação, mas foi socado no estômago e chamado de “vagabundo”. Por fim, a pedagoga disse que a família ainda teme novas ameaças e possíveis retaliações por parte de membros do batalhão.