Após o lançamento da nota de R$ 200 pelo governo, foi a vez do GreenPeace lançar uma nova moeda. Em protesto virtual, a organização criou uma cédula de R$ 2,3 milhões representando o “real valor do descaso com o meio ambiente”. A quantia é uma referência à área consumida pelo fogo no local até o momento.
O animal escolhido para representar a cédula foi uma onça-pintada que teve as patas atingidas com queimaduras de segundo grau em um dos pontos de incêndio. Ela foi resgatada do Pantanal, no Parque Estadual Encontro das Águas e encaminhada para a ONG Nex No Extinction, em Corumbá (GO).
Na nota, a onça aparece caída e com as patas enfaixadas. Uma imagem de árvores e matas queimando também foi reproduzida. Do lado oposto, a efígie da República é representada chamuscada pela fuligem no entorno da máscara, em referência à pandemia de coronavírus. A hashtag #NotadoPantanal também foi lançada para engajamento de internautas.
“É devastador observar o quanto o Brasil está em chamas e vamos pagar uma conta muito alta por isso. O projeto antiambiental do governo federal está colocando em cheque o nosso futuro, a biodiversidade e o clima. A situação saiu do controle e chegou à um nível lamentável. Precisamos urgentemente de medidas efetivas de curto, médio e longo prazo para combater e prevenir o desmatamento e as queimadas. O nosso patrimônio está sendo transformado em cinzas e essa nota é uma forma de alertar os brasileiros sobre a escala da destruição. Não são apenas nossos biomas queimando, mas também a nossa economia e o nosso futuro”, afirma Cristiane Mazzetti, porta-voz de florestas do Greenpeace.
Dados trágicos
Os dados do Programa de Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) apontam para dias ainda mais trágicos. Em agosto, foram registrados quase 30 mil focos de fogo na Amazônia e a maior queimada em uma década no Pantanal. Apenas nas duas primeiras semanas deste mês, foram contabilizados mais de 20 mil focos de queimadas na Amazônia, o que significa um aumento de 86% na comparação com os registros do mesmo de período de 2019.
No número acumulado, a quantidade de focos de calor no bioma de 1º de janeiro até 14 de setembro é 12% maior do que a de 2019 (quando os dados já eram alarmantes) e 28% a mais do que a média dos últimos três anos. Já quando a comparação é em relação aos últimos 10 anos, a média de queimadas na Amazônia é de um impressionante 43% maior em 2020.
No Pantanal a situação é ainda mais grave. Até agosto deste ano, o fogo já tinha atingido uma área de mais de 1,8 milhão de hectares no Pantanal, o que representa 12% do tamanho total do bioma. Porém, ao virar o mês, o problema só aumentou: nos 14 primeiros dias de setembro foram registrados 5300 focos de calor, praticamente o mesmo número do mês inteiro de agosto, com 5935 pontos. Dessa forma, setembro será o mês com maior número de focos de queimadas no Pantanal desde o início do monitoramento, em 1998.
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