O ministro do Meio Ambiente (MMA), Ricardo Salles, em entrevista à Rádio Bandeirantes, admitiu que a situação do Pantanal é crítica. Para Salles, o clima seco, excesso de material orgânico e as restrições à utilização do fogo controlado foram as causas dos incêndios. O pronunciamento do ministro veio depois de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul declararem estado de emergência.
Ane Alencar, doutora em Recursos Florestais e Conservação, explicou o que é a técnica citada por Salles: "O fogo é muito utilizado no manejo de pastagem e também na questão da prevenção de incêndios no Pantanal. Esse manejo no bioma tem que reduzir o material combustível para quando chegar a época do fogo ele não ser tão alto. Uma ação feita com preparo e técnicas de prevenção."
No entanto, a pesquisadora disse que mesmo o pantanal, como o cerrado, sendo biomas com regime de fogo ativo, esses incêndios estão fora de época e descontrolados. "O Pantanal deve ter seu regime do fogo natural acontecido no fim da época da seca, início das chuvas, quando as fontes naturais, que seriam os raios, conseguem dar uma descarga de ignição”, explicou.
Leticia Gomes, doutora em ecologia, disse que o impacto desses incêndios serão observados por anos. A pesquisadora alertou que, mesmo esses biomas tendo adaptações ao fogo, a alta frequência de incêndios a cada dois ou quatro anos, tem impedido com que a vegetação se recupere. A pesquisadora disse que os estudos demonstram que mesmo após cinco anos da ocorrência de incêndios muitos dos processos da vegetação ainda não se recuperaram: "Como o porte das árvores, a diversidade, a produção de flores e frutos e os nutrientes do solo", citou.
Leticia também ressaltou que a fauna utiliza a vegetação como alimento e abrigo, assim os animais dependem essencialmente da recuperação da flora. Para a pesquisadora, medidas urgentes são necessárias visando melhorar os métodos de proibição de queimadas nesses biomas.
* Estagiário sob supervisão de Vicente Nunes