Relatório do Cimi

Invasões em terras indígenas sobem 135% no governo Bolsonaro, aponta relatório

Relatório de Violência contra Povos Indígenas diz que terras indígenas estão sendo invadidas de modo ostensivo de norte a sul do Brasil

Hellen Leite
postado em 30/09/2020 12:15
 (crédito: Dario Lopez/AP - 3/3/09)
(crédito: Dario Lopez/AP - 3/3/09)

As invasões em terras indígenas, a exploração ilegal do meio ambiente e os danos diversos ao patrimônio cresceram 135% em 2019. É o que aponta o relatório anual de violência contra os povos indígenas produzido pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi), divulgado nesta quarta-feira (30/9). O levantamento é divulgado anualmente desde 1996.

Segundo o Cimi, instituição ligada à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), "as terras indígenas estão sendo invadidas de modo ostensivo e pulverizado de norte a sul". Os dados revelam que, em 2019, houve o registro de 256 casos de “invasões possessórias, exploração ilegal de recursos e danos ao patrimônio”. No ano anterior, em 2018, havia sido 109 registros. 151 terras indígenas, 143 povos, em 23 estados, foram afetados pelos crimes.

"Nos dados vemos os povos da Amazônia, do Cerrado, da Mata Atlântica, de todos os biomas, que tiveram suas terras incendiadas, loteadas e saqueadas", comentou Roberto Liebgott, coordenador do Cimi Região Sul, durante a live de apresentação do documento, em Brasília.

Além disso, os dados mostram que houve o aumento de casos em 16 das 19 categorias de violência sistematizadas pela publicação, incluindo as "mortes por desassistência", que passaram de 11, em 2018, para 31 em 2019, as ameaças de morte, que cresceram de oito para 33, as lesões corporais dolosas, que subiram de cinco para 13, e as mortes de crianças de 0 a 5 anos, que passaram de 591, em 2018, para 825 no ano passado.

"Uma anti-política indígena programada para a tentativa de integração dos povos indígenas. Quando vemos os dados, percebemos que há uma política genocida em curso pelo governo Bolsonaro, mas vemos também a resistência e a força espiritual dos povos", comentou Liebgott.

Críticas de arcebispo

Sob a coordenação do arcebispo de Porto Velho, dom Roque Paloschi, o texto do relatório traz duras críticas ao governo Jair Bolsonaro logo na apresentação do documento.

"Se em anos anteriores denunciávamos as violências numa perspectiva de que houvesse ações e empenho para combatê-las, hoje somos obrigados a reconhecer que o maior agressor dos povos indígenas e da natureza é o governo Bolsonaro, que não se envergonha de ser tratado como genocida pelas redes sociais, que não se envergonha de ser considerado fascista e não demonstra remorso pelos crimes que são praticados. Aliás, os incentiva sem pudor ou receio de que possa vir a ser responsabilizado criminalmente por essas práticas", escreveu o arcebispo.

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