O Brasil vive uma tendência de queda dos novos casos de covid-19, afirmaram representantes da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), em coletiva de imprensa desta terça-feira (25/8). No entanto, a diretora da entidade braço da Organização Mundial de Saúde (OMS) na região, Carissa Etienne, ponderou que o vírus não está em uma mera passagem e que as vidas perdidas não podem ser vistas como números.
“Nos acostumamos com o impacto desta pandemia. E os números notificados, semana após semana podem nos deixar anestesiados. Mas não podemos permanecer passivos diante de uma perda humana tão devastadora. Devemos seguir os números e usá-los para guiar nossa resposta”, advertiu Etienne. São mais de 115 mil perdas para o vírus, com uma média móvel de mais de 900 óbitos por dia há mais de duas semanas.
Em muitos países da região, o que ocorre é um movimento oposto entre os dados e as condutas, como definiu Etienne. “Em muitos lugares, parece haver desconexão entre as políticas implementadas e o que as curvas epidemiológicas dizem”, explicou ao falar dos relaxamentos de restrições como a retomada do comércio e volta às aulas.
Para a diretora, a luta contra a covid-19 virá em “várias rodadas”, já que interromper toda a transmissão não é uma tarefa possível. Por outro lado, as descobertas de novas ferramentas, aliadas à vigilância já conhecida, podem ser a chave para o enfrentamento prolongado.
“Temos boas ferramentas hoje: dados que mostram onde estão os pontos críticos, protocolos de rastreamento de contatos para desacelerar a transmissão e medidas de saúde pública que podem reduzir o risco de exposição […]. Os governos nacionais e locais precisam ser estratégicos sobre como usar essas ferramentas - antigas e novas - para alcançar o impacto desejado”, frisou a diretora.
Outra peça para alcançar o equilíbrio consiste no apoio dos jovens na luta contra a covid, já que o público é apontado como principal propagador da doença nas Américas.Segundo Etienne, muitos jovens que contraem o vírus podem não ficar doentes e precisar de um leito na UTI, mas têm potencial para transmiti-lo a outras pessoas mais vulneráveis.
“É um lembrete gritante de que derrotar a covid-19 é uma responsabilidade compartilhada - não apenas entre países e regiões, mas entre pessoas, vizinhos e comunidades.”