Sem emprego formal há cinco meses e sem ter com quem deixar a filha de quatro anos, Alessandro Magno, 25 anos, leva a menina na garupa da bicicleta enquanto realiza entregas nas ruas de Belém (PA). O paranaense é um dos 3,1 milhões de brasileiros que perderam o emprego por causa da pandemia do novo coronavírus.
A cena, registrada em 22 de julho, viralizou nas redes sociais e, por causa da grande repercussão, o entregador, que também fez curso de manutenção de celulares, recebeu doações e foi chamado para entrevistas de emprego.
Até março, Magno estava trabalhando como auxiliar de cozinha em um restaurante que acabou falindo em decorrência da crise. A única renda da família ficou sendo, então, a da esposa, que trabalha em um supermercado como embaladora. Neste período, Alessandro assumiu os cuidados com a filha para que a esposa pudesse trabalhar.
“Eu cheguei em casa e disse: ‘Amor, tô desempregado. Bora orar para nada nos faltar. Você não pode ficar desempregada”, conta ele, ao portal G1.
Antes da pandemia, a menina ficava sob a responsabilidade dos avós enquanto Alessandro e a esposa trabalhavam. Os pais de Alessandro, no entanto, contraíram a covid-19 e ainda estão se recuperando.
Repercussão
A história do Alessandro viralizou nas redes sociais e várias pessoas entraram em contato com o entregador para ajudá-lo. O portal Razões Para Acreditar também criou uma vaquinha virtual para arrecadar doações para a família. “A vaquinha é para esse pai de família conseguir se manter durante a pandemia até que consiga algo de carteira assinada, e assim, evite ter que sair para trabalhar com a pequena”, justifica o site. Mais de R$ 36 mil já foram arrecadados.
O jovem diz que vai usar o dinheiro para comprar alimentos para a filha, construir sua casa e guardar o restante para investir no futuro da menina. “Nunca esperava essa repercussão. Deus me honrou por ser um cara honesto e trabalhador. Tenho o sonho de ver me filha se formar”, celebra.
Demanda
Alessandro explica que costuma fazer as entregas no período matutino, quando a demanda é maior por causa do horário de almoço. “Foi a forma que achei de ajudar em casa para não faltar nada pra minha filha”, diz.
Mesmo se esforçando no trabalho como entregador, Alessandro conta que passou por momentos delicados. “Teve um dia que cheguei em casa sem fazer uma só corrida. E minha filha disse: ‘Pai, quero banana’. Eu pensei: ‘Deus vai prover’. No mesmo dia, um amigo pediu para fazer um serviço no celular. Com o dinheiro, fomos comprar comida. Ela veio muito feliz! Eu, como pai, não quero deixar faltar nada para minha filha”, afirma.