O governo do Paraná assinou, na tarde desta quarta-feira (12/8), um acordo com a Rússia na intenção de aproximar as relações e, assim, firmar mais uma parceria para produção de uma potencial vacina contra a covid-19. Na reunião, houve a assinatura de um memorando de entendimentos e o próximo passo consiste na formação de um grupo de trabalho para iniciar as tratativas técnicas e elaborar um protocolo de pesquisa.
Em coletiva de imprensa, o diretor-presidente do Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar), Jorge Callado, pontuou que um decreto estadual oficializará a criação de uma força tarefa, o que deve ocorrer até segunda-feira (17/8). "Este memorando vai balizar as ações futuras".
A partir daí, a Rússia deverá fornecer todas as informações necessárias para guiar os próximos passos do acordo e será elaborado um documento com todos os detalhes, que passará pelo crivo dos órgãos regulamentadores: a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e a Comissão Nacional de Ética em Pesquisa. "Em 30,40 dias, até menos, a nossa intenção é submeter esse protocolo", especulou.
Questões sobre a segurança da vacina ainda não foram discutidas. "A força tarefa que está sendo montada terá essa incumbência: juntamente com um grupo de pesquisadores da Rússia, fazer um intercâmbio dessas informações", esclareceu Callado. Na coletiva, o diretor-presidente também ponderou que a comunicação entre o estado e o governo federal está alinhada. "Existe um canal muito importante pro governo do estado e federal. O importante é que quanto mais alternativas, melhor para o país", avaliou.
Sobre a polêmica da vacina dentro da comunidade médica, que critica a velocidade que a pesquisa está avançando, Callado destacou a importância dos institutos de ciência e tecnologia darem esse respaldo e se manterem abertos à pesquisa.
"É um caminho bastante longo. Em outras conversas com a equipe da Rússia, vamos ver o atual estágio de validação da vacina, as reais comprovação da fase 1, fase 2 e a fase 3", informou. "Vamos elaborar um protocolo de validação de pesquisa e, tendo aprovação, vamos poder focar na análise da eficácia, segurança, eficiência dessa vacina no Brasil."
A ideia inicial é submeter as primeiras doses em voluntários da área de saúde que atuam na linha de frente de combate à covid-19 e em "alguns grupos de risco", disse o diretor-presidente do Tecpar, sem detalhar quais seriam esses grupos. O objetivo é estabelecer uma parceria de troca de tecnologia, permitindo que o Brasil produza as próprias doses. Para isso, é necessário montar uma área industrial, de acordo com a demanda e contando com apoio federal. Segundo Callado, o valor gira em torno de R$ 80 milhões.