A Secretaria de Estado da Saúde de Santa Catarina (SC) confirmou a morte de uma criança de 12 anos vítima de Covid-19 no Vale do Itajaí, em Gaspar. Samuel Miranda de Oliveira morreu na última quinta-feira (6/8) no Hospital Nossa Senhor do Perpétuo Socorro, cerca de cinco horas depois de chegar ao local. O adolescente é a vítima mais nova no estado.
Contrariando as estatísticas, Samu, como era conhecido pela família e amigos, não apresentava nenhum problema de saúde, segundo o governo estadual. O adolescente precisou procurar um posto de saúde na primeira semana de julho depois de se machucar andando de bicicleta. Ao fazer o curativo, segundo a família, comentou que não estava sentindo o cheiro dos alimentos e que sofria de dores de cabeça. O teste para identificar o vírus da covid-19, então, foi feito.
"O resultado demorou uns 10 dias, ficou pronto em 16 de julho. Ficamos de quarentena, mas não passaram nenhum remédio para ele, ninguém acompanhou. Mesmo assim ele reagiu bem, ficou brincando com o cachorro, fazendo vara de pescar", lembra a irmã Ramieri Miranda de Oliveira, de 21 anos, ao portal NSC Total.
Contudo, no primeiro domingo deste mês (2/8), Samuel apresentou tontura, diarreia e vômito. A irmã foi com o adolescente ao posto de saúde e recebeu alguns remédios para amenizar os sintomas. Entretanto, os dias se passaram e Ramieri notava que o menino continuava com o mal-estar e falta de ar e, por isso, o levou ao hospital na quarta-feira (5/8), onde Samuel veio a morrer horas depois.
Sem velório, o menino foi enterrado em um cemitério próximo ao bairro onde morava, o Bateias.
“Até os médicos choraram”
A irmã, ainda extremamente abalada com a morte do adolescente, relata os últimos instantes de vida do irmão. "Minha mãe chegou quando começaram os procedimentos e conseguiu ver ele pela última vez. Ela disse: 'reage, filho, que teu pai está vindo te buscar'. Nessa hora, ele deu o último suspiro e ela desmaiou. Até os médicos choraram", conta ela, que faz um alerta: "Ouvi que criança não pega coronavírus, mas discordo, olha o que aconteceu com o Samu. Tem gente que diz que é uma coisinha à toa, não é. Cuidem-se".
Nascido em Minas Gerais, Samuel era o caçula de quatro irmãos e morava em Gaspar há sete anos. Recentemente, com a separação dos pais, dividia a residência com o pai e a irmã, Ramieri.
Samuel foi considerado ‘recuperado’ pela prefeitura
Segundo a prefeitura de Gaspar, ele havia sido considerado recuperado da doença porque havia se passado 14 dias desde o primeiro sintoma — critério utilizado para apontar o paciente como curado.
Inicialmente, o caso não havia sido registrado como morte por covid-19, pois aguardava a investigação da Diretoria de Vigilância Epidemiológica do Estado (Dive). Só no domingo que o governo do Estado incluiu o nome do menino na lista dos mais de 1.500 mortos pelo vírus em Santa Catarina.