Na interminável escala de atualizações acima de mil mortes e 50 mil casos diários, o novo coronavírus é quem dita as regras e avança de maneira descontrolada pela 15ª semana consecutiva. O país ultrapassou a marca de 95.819 mil óbitos e 2,8 milhões de infectados pela doença. Após a queda esperada do fim de semana, os números voltaram a subir e, ontem, mais 51.603 confirmações e 1.154 vidas perdidas foram computadas pelo Ministério da Saúde.
A taxa de transmissão (Rt) brasileira continua acima dos níveis de controle. Segundo o novo levantamento do Imperial College de Londres, a Rt atual do Brasil é de 1,08, ou seja, um grupo de cada 100 infectados é capaz de transmitir a doença para 108 pessoas saudáveis. Mesmo com a discreta diminuição do número de casos e de mortes por covid na comparação entre as semanas epidemiológicas 30 e 31 (que caíram em 2 e 7%, respectivamente), o país não viu os dados refletirem na redução da taxa, que se manteve entre as duas semanas.
Se por um lado, a estabilização do índice fez o país voltar a considerar a pandemia numa situação de crescimento lento — em vez do patamar anterior de crescimento acelerado da doença —, por outro, o Brasil se mantém há mais de três meses entre os países com transmissão ativa, sendo a nação americana com mais longa permanência nesse patamar. Por isso, o país segue a caminho de bater 100 mil mortes ainda nesta semana.
Pelas análises do Portal Covid-19 Brasil, iniciativa formada por pesquisadores da Universidade de Brasília (UnB) e da Universidade de São Paulo (USP), a marca será atingida neste sábado. A previsão foi reforçada com o fechamento da semana 31, que, apesar de mostrar uma leve queda, manteve os patamares de mais de 7 mil mortes e 31 mil novos casos semanais.
O grupo de pesquisadores estima que o Brasil atingirá a marca de 3 milhões de casos — atualmente só alcançada pelos Estados Unidos, país com mais infectados no mundo, — no mesmo dia em que passará de 100 mil vidas perdidas pela doença.
Estados
O aumento do número de óbitos é visível em todo o país, que tem 20 estados e o Distrito Federal na lista de unidades federativas com mais de mil vidas perdidas pelo novo coronavírus. Quem lidera o ranking brasileiro de fatalidades é São Paulo, com 23.702 óbitos pelo novo coronavírus. O Rio de Janeiro é o segundo, com 13.715 vítimas da doença. Os dois são os únicos estados com mais de 10 mil mortes no país.
Em seguida estão: Ceará (7.806), Pernambuco (6.717), Pará (5.799), Bahia (3.678), Amazonas (3.299), Maranhão (3.085), Minas Gerais (2.894), Espírito Santo (2.628), Paraná (2.128), Rio Grande do Sul (2.099), Rio Grande do Norte (1.926), Mato Grosso (1.921), Paraíba (1.901), Goiás (1.791), Alagoas (1.621), Distrito Federal (1.572), Sergipe (1.509), Piauí (1.401) e Santa Catarina (1.235).
Somente seis unidades da federação ficam de fora da lista dos mil mortos. São elas: Rondônia (898), Amapá (581), Acre (545), Roraima (528), Mato Grosso do Sul (432) e Tocantins (408).
Cenário na América Latina
No rol dos 65 países avaliados com registro de transmissão ativa pelo Imperial College, o Brasil tem a 27ª pior marca. Na contramão, o México, segundo país com mais mortes e casos por covid-19 na América Latina, observou reduções na taxa de contágio da doença, com variação de 1,09 para 1,04. Com isso, tem um controle melhor do que o brasileiro, mas ainda não atingiu a melhor marca, já que, na semana 29, chegou a registrar Rt abaixo de 1 (0,95). A Argentina, que na semana anterior tinha o pior índice latino-americano, com Rt de 1,42, agora baixou para 1,16, mas continua com descontrole da covid-19 maior que o do Brasil. Outros oito países da região acompanham a Argentina na comparação: Bolívia (1,16), Venezuela (1,13), El Salvador (1,11), República Dominicana (1,10), Peru, Colômbia e Equador (os três últimos com Rt em 1,09).