Assassinatos de negros crescem 11,5% na década; mortes de não negros caem 12,9%

A análise usa dados computados pelo Ministério da Saúde em todos os Estados para entender o perfil das vítimas das mortes violentas no país

Renata Rios
postado em 27/08/2020 13:09 / atualizado em 27/08/2020 16:56
 (crédito: MARCO LONGARI/AFP)
(crédito: MARCO LONGARI/AFP)
O Atlas da Violência divulgado nesta quinta-feira (27/8) trouxe uma realidade chocante à tona. Os dados mostram que a população negra foi extremamente atingida pela violência no Brasil. De acordo com o Atlas, produzido pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e pelo FBSP (Fórum Brasileiro de Segurança Pública), mostrou que, entre os negros, a taxa de homicídio aumentou na última década 11,5%, enquanto para a população não negra, esses números reduziram 12,9%.


“Este cenário de aprofundamento das desigualdades raciais nos indicadores sociais da violência fica mais evidente quando constatamos que a redução de 12% da taxa de homicídios ocorrida entre 2017 e 2018 se concentrou mais entre a população não negra do que na população negra”, pontua o estudo. De acordo com os dados, as pessoas não negras tiveram nesse período 13,2% de redução. “ enquanto entre negros foi de 12,2%, isto é, 7,6% menor. O mesmo processo foi identificado entre os homicídios femininos: a redução ocorrida entre 2017 e 2018 se concentrou mais fortemente entre as mulheres não negras”, diz o texto.


Os estados, os que concentram as maiores taxa de homicídios contra pessoas negras pertencem às regiões Norte e Nordeste do país. “Roraima foi a Unidade da Federação com a maior taxa de homicídios de negros em 2018 (87,5), vindo em seguida Rio Grande do Norte (71,6), que ocupava a primeira posição no Atlas da Violência 2019, Ceará (69,5), Sergipe (59,4) e Amapá (58,3)”, enumera.


Ao se analisar o percentual de crescimento das taxas de homicídio, o Acre ocupa a primeira colocação, com 300,5% de aumento, na sequência vem Roraima, 264,1%; Ceará, 187, 5%; e Rio Grande do Norte, 175,2%. “Apesar da redução ocorrida na última década nas UFs citadas, o que se observa é o aprofundamento das desigualdades raciais nesse período. Em todos os anos do último decênio analisado, a chance de um negro ser assassinado é muito superior quando comparada à de um não negro”

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