Mesmo com o aumento de produção de cloroquina para ser usada em tratamento de pacientes com covid-19, ainda que não haja eficácia comprovada, o estoque do governo federal do medicamento está zerado, afirmou o Ministério da Saúde, em coletiva desta sexta-feira (14/8). Usado para tratar malária e lúpus, por exemplo, o remédio passou a ser amplamente defendido pelo presidente Jair Bolsonaro também para aplicação em infectados pelo novo coronavírus e se popularizou pelo país.
"Hoje não há estoque de cloroquina. Estamos em processo de busca de aquisições de insumo farmacológico ativo. Estamos prospectando, buscando condições de compra. A demanda realmente veio e o Ministério da Saúde fez o máximo para responder", disse o secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde, Hélio Angotti.
Somente de cloroquina foram distribuídas mais de 5,2 milhões de unidades. São Paulo foi a unidade que mais recebeu (686 mil), seguido pelo Pará (539 mil), Alagoas (442 mil) e Roraima (440,5 mil). Sergipe foi o único estado que recebeu quantidade inferior a 30 mil unidades: foram distribuídas 14,5 mil.
O secretário-Executivo, Élcio Franco, fez questão de destacar: "essa cloroquina foi enviada por demanda dos estados. Os estados solicitam e isso tem sido pactuado com o Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde) e o Conasems (Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde) e nós temos atendido às demandas, mas não induzimos ninguém a receber."
Bolsonaro intensificou a procura pelo medicamento após ele próprio fazer o uso para tratar-se contra a covid-19. Nas últimas aparições pelas redes sociais, fez questão de levar consigo uma caixa de hidroxicloroquina. "O pessoal fala 'ah, não tem comprovação científica'. Todos nós sabemos que não tem comprovação científica, agora não tem também ninguém cientificamente dizendo que não faz efeito. É o que tem. Então vamos usar, ora. Ouvindo o médico, obviamente", declarou à época do tratamento.
Estudos internacionais, no entanto, apontam a ineficácia da droga para esta aplicação fora da bula, o que levou a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) a revisar o posicionamento quanto à indicação do remédio. "É urgente que a hidroxicloroquina seja abandonada no tratamento de qualquer fase da covid-19", disse a entidade, ainda em julho. Na ocasião o Ministério da Saúde reconsiderou avaliar as orientações, mas ao invés de mudanças, houve uma intensificação da sugestão ao uso.
Para o secretário-executivo, todas as decisões continuam tendo um objetivo: "nosso mantra, nossa principal missão é salvar vidas. Levantamos a necessidade de medicamentos para aqueles que estão com estoques quase encerrados [...]. O levantamento é feito diariamente por unidade hospitalar. Verificamos se há necessidade da quantidade requisitada, se é adequada para atender, nas melhores condições, com a melhor efetividade, aqueles que mais precisam, com objetivo maior de salvar vidas."
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