Mais do que furo de reportagem, o que a maioria dos jornalistas gosta mesmo é de dar boas notícias. Infelizmente, não é o que temos para hoje. A pandemia da Covid-19 tem empurrado montadoras e demais empresas, do setor automotivo, para a beira de um penhasco.
De um lado temos a produção de veículos com uma queda brutal de 99,3%, em abril, em comparação com o mesmo período do ano passado. De todas as linhas de montagem, instaladas no Brasil, saíram apenas 1,8 mil veículos. Esse é pior número, há 63 anos, desde que a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) começou a compilar os dados.
Com produção em baixa e concessionárias funcionando, em média, com ¼ do movimento, os reflexos também seguem ladeira abaixo. O número de emplacamentos, em todo o país, recuou 77%, em abril — frente ao mesmo mês de 2019.
No Distrito Federal a redução foi menor, ainda assim preocupante: - 52,75%. “A perspectiva é de que tenhamos um mercado ainda fraco, em maio, com uma pequena melhora em junho e julho. O retorno gradativo à normalidade deve ocorrer, apenas, no segundo semestre”, destaca do presidente do Sincodiv, Arcélio Júnior.
Quem esperava descontos durante o período pós-crise pode refazer as contas. As perspectivas são de aumento, principalmente impulsionadas pelo dólar alto, na casa dos R$ 6, e pela instabilidade política.
"É muito difícil segurar um aumento nos preços. Cada montadora precisa definir o que dá para ser absorvido e o que precisa ser repassado", declarou o presidente da Anfavea (Associação Nacional das Fabricantes de Veículos Automotores), Luiz Carlos Moraes.
Enquanto a luz no fim do túnel não mostra o caminho a ser seguido, a Anfavea negocia empréstimos estratosféricos com o governo e com os bancos. A estimativa é de que as fabricantes, empresas de autopeças e revendas precisem de R$ 40 a 45 bilhões para recuperarem o capital de giro.