Kombinationsfahrzeug. O nome original é do tamanho dela. Em alemão, significa ;veículo combinado;. A Volkswagen soltou a primeira versão em 8 de março de 1950, mas a Kombi já era imaginada antes, pelo holandês Ben Pon, licenciado para vender produtos da empresa alemã, que queria ver nas ruas um veículo de carga que não fosse um caminhão. Então, com a ajuda do engenheiro Alfred Hesnner e do major inglês Ivan Hirst, administrador da fábrica, desenhou essa parruda máquina que seria paixão no mundo inteiro. Oficialmente, a data internacional dela é 23 de abril de 1947.
Mas o brasileiro criou seu próprio Dia Nacional da Kombi, em 2 de setembro. Naquela data, em 1957, saiu para as ruas do Brasil a primeira delas. Seja no Brasil, seja no mundo inteiro, a Kombi sempre cumpriu seu papel de ser multiuso. E entrou no imaginário e na utilização popular para levar cargas dos mais vários tipos, assim como foi transformada em um meio de transporte que atravessou gerações e marcou épocas ; se tornou até símbolo hippie, ao carregar bandas e viajantes sem rumo pelo planeta.
;Kombi é trabalhadora, agregadora, não nega serviço. A paixão por ela invade várias áreas e círculo de pessoas. Para o trabalho, é um carro relativamente econômico, de baixa manutenção e que aguenta carga;, define o publicitário Marcelo Bressan, presidente do Kapital Kombi Klub. ;Ela foi reconhecida na história ao ser fotografada em Woodstock, onde uma legião de hippies passaram a utilizar a Kombi como seus veículos. Hoje, o mundo inteiro reconhece o valor, o carisma de uma Kombi;, explica o colecionador.
Bressan e dezenas de outros fãs do utilitário estiveram no último fim de semana, na V12 Motors do aeroporto, para apreciar cerca de 200 exemplares da máquina. E muitos deles também se encontraram para combinar mais uma viagem. Sim, um grupo de Brasília já participou de diversos passeios, curtos e longos. Um deles foi até Curitiba. ;Este ano, estamos nos preparando para ir a São Paulo, em setembro. A Margarida e mais 21 kombis;, especifica Bressan. Sim, Margarida. É o nome da Kombi do publicitário. Ele, que era apaixonado pelo Fusca, começou a se enamorar pela Kombi quando uma delas o levava para a escola. ;Achava o máximo ir sentado na frente, naquele janelão, e por ela ser toda janelada;, lembra.
Decidiu comprar uma mesmo contra a vontade da mulher, Ignez. ;Ela dizia que se eu comprasse uma Kombi, teria que dormir dentro dela; Encontrei a Margarida à venda em São Paulo, e pela internet mesmo negociei com o antigo proprietário;, conta Bressan. O presente chegou, ele entrou na garagem de carro buzinando a Kombi ; detalhe: era a primeira vez que o publicitário dirigia uma delas ;, os filhos piraram e a mulher fechou a cara. ;Mas, hoje, a família, inclusive a esposa, curte e gosta da Margarida!”, ri.
Versões exclusivas
Como em diversas partes do mundo, no Brasil, a Volks lançou versões exclusivas, como a Clipper nacional ou T2 brasileira, que foi comercializada por aqui durante 21 anos. Houve também séries especiais, como a diesel, cabine dupla, série Prata, série 50 anos e a Last Edition, em 2013, a última a ser lançada em território nacional. Todas elas fazem parte do imaginário do colecionador brasileiro. Principalmente a primeira delas, chamada aqui de Corujinha, fabricada até 1975, tendo o para-brisa dividido: para os fãs, parecia mesmo uma coruja.
Para qualquer um que tenha utilizado a Kombi ou somente é apreciador do veículo, uma palavra é a explicação de ter dado tão certo no Brasil: versatilidade. Baseada no Fusca, a Kombi tinha a vantagem de ser utilizada para transporte de carga durante a semana. Aos sábados e domingos, bastava colocar os bancos de volta e a família inteira cabia. ;A Kombi tem muitas qualidades, mas acredito que a maior delas é a pouca necessidade de manutenção e a diversidade de usos: desde carregamentos de materiais pesados, food trucks, escolar, transporte de funcionários, passeio com a família, moradia;, exemplifica Marcelo Bressan. E tudo isso sem muitas alterações visuais, o que, para um colecionador, tem muito valor.
O que vem por aí
Por falar em alterações visuais, a Kombi deixou de ser fabricada por questões, principalmente, de segurança. Fabricá-la com todos os itens que as normas internacionais pedem, como freios ABS e air bags, com um preço acessível se tornou impossível. Entretanto, uma nova versão dela já está sendo pensada desde 2017 e pode chegar ao público até 2021 ou 2022. Ela tem um conceito muito moderno e será elétrica. Por fora, até parece um pouco aquela velha senhora que conquistou tantos adeptos no país e no planeta.
;Mas está muito longe de identificá-la como uma Kombi. Foi uma forma de a Volkswagen não perder esse legado de paixão que o mundo tem pelo carro, mas acredito que é muito distante. Infelizmente, a Kombi em sua base, jamais voltará a ser fabricada;, atesta Bressan. ;Quem tem, tem, quem não tem, corre atrás, porque muitas estão se acabando pelos serviços prestados;, conclui. Por enquanto, que seja suficiente celebrar a existência dessa brava ;carregadora de piano; que deu felicidades a muitas gerações de brasileiros.