A capital portuguesa é a nova queridinha do mundo e dos brasileiros, em particular. O passado que desenha a ligação entre os dois países é um dos charmes da cidade cada vez mais atual. A vida em suas ruas mostra que os históricos edifícios parecem vibrar e são agora um convite a dias mais leves, com bares e restaurantes descolados ou as queridas tascas de comida típica; com lojas que exibem vinhos cada vez mais reconhecidos pela qualidade e boutiques conectadas, tudo convergindo para uma realidade atraente em vários pontos da cidade, inclusive ao gosto de quem melhor traduz o espírito moderno com simplicidade: Lisboa é também o novo polo de atração hipster.
Encantadora, relax, justa nos valores e nas pessoas, histórica e contemporânea na medida certa, Lisboa é uma escapada perfeita. Gostosa nos pratos e taças que nos fazem jurar que não aguentamos mais provar nada até a próxima tentação para recomeçar tudo. E as ruas e ruelas cheias de tipos interessantes, com calçadas de pedras portuguesas, fachadas com azulejos que contam as histórias de mouros, da reconstrução pombalina até a azulejaria modernista de meados do século 20 com Querubim, Alcoa e Alcobaça. As ruas pavimentadas com blocos de ardósia ladeadas por lojas de miudezas, igrejas, praças, bondes charmosos, cafés animados, onde carroças com castanhas assadas exalam rolos perfumados e livrarias do século 18 se misturam a joalherias, lojas de luvas, músicos, floristas e flanêurs.
E o que dizer das pessoas? Amigáveis e brincalhonas, felizes em seus ofícios e vidas, nos fazem querer conversar e saber mais da vida dos outros. E as histórias cruzadas: os mouros, os reis portugueses que chamaram o nosso Brasil de casa e voltaram tristes para lá, a religião católica que guia vidas e reza lendas... o fado, as ladeiras e casario que acomodam novas eras. O lado cool e contemporâneo da cidade que habita lindamente nos edifícios seculares e hotéis que são quase um destino em si.
No centro, é uma delícia flanar em busca dos segredos dos alfarrabistas e seus livros vintage, da magia dos joalheiros, de gente que preserva a arte antiga da luvaria e de vários outros lugares que se revelam por trás das portas e fachadas azulejadas. Que podem também ser admiradas pelas janelas dos eléctricos, os inconfundíveis bondinhos que cruzam alguns bairros.
A pé, depois de circular pela Praça do Comércio, Rua Augusta e outras de nome pitoresco como a dos Fanqueiros, hora de pegar o imponente Elevador de Santa Justa, de 1900, que liga as ruas da Baixa ao Chiado e Bairro Alto. Todo tipo de comércio está lá, em ambos lados e, de repente, os doces aromas da pastelaria tradicional chamam para uma pausa com o pastel de nata, um cafezinho ou uma ginjinha, o onipresente licor (de ginja, um tipo de cereja) nos bares e cafés.
Aliás, se quiser descobrir como se faz o pastel de nata, a mais perfeita tradução da doçaria portuguesa — não confundir com o similar Pastel de Belém, criado em 1837 pelos monges do Mosteiro dos Jerónimos e nome patenteado —, inscreva- se no workshop da Pastelaria Batalha, numa casa histórica no bairro do Chiado. Lá, o simpático João ensina a amassar, fazer o creme, moldar e rechear seu próprio pastel, que irá devorar em seguida. (pasteldenataworkshop.com/)
Mas ninguém resiste em ir à histórica Pastéis de Belém, em frente ao colossal Monumento aos Descobrimentos e ao lado do Mosteiro dos Jerónimos, um passeio gostoso para o fim da tarde. A poucos minutos a pé está o Museu Coleção Berardo, com várias obras de Arte Moderna e Contemporânea. (museuberardo.pt/)
Na mesma margem do Rio Tejo fica o Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia (MAAT), uma das recentes atrações em uma Lisboa que respira arte e cultura. Vale pelo passeio, acervo e pelas fotos no rooftop com vista para a Ponte 25 de abril. (maat.pt/pt)
Depois de Belém e do MAAT e junto à ponte, hora de visitar LX Factory, espaço industrial transformado em centro criativo recheado de moda, arte, cultura e comida — de cafés a galerias de arte, de estúdios de design a livrarias... tudo junto e misturado em Lisboa, com um visual must to go.
Outra forte atração da cidade é a Fundação Calouste Gulbenkian em um verdejante parque que cerca o museu e o edifício-sede. O acervo inclui coleções de arte antiga egípcia, islâmica, oriental, mobiliário e tapeçarias franceses, codexes e missais ilustrados a nanquim, além de obras de mestres holandeses como Van Dyck e Rubens; ingleses (Turner), franceses (Monet, Corot), ou italianos (Francesco Guardi). Uma sala inteira é dedicada a joias, desenhos e peças de René Lalique. Tem ainda a Coleção Moderna, com obras de artistas nacionais do início do século 19 até os dias de hoje. (gulbenkian.pt/museu/)
Quer fazer um tour pela arte urbana de Lisboa? A Galeria Underdogs criou um projeto com alguns artistas nacionais para este passeio, incluindo Vhils, um dos mais celebrados do país, com belas pinturas em várias ruas da cidade. (under-dogs.net/)