Jornal Correio Braziliense

Turismo

Inglaterra raiz

O futebol e o passado industrial são características da cidade, além da música, que formam o retrato fiel da vida britânica desde a origem do país



Assim como outras cidades de origem industrial, Manchester tem sofrido transformações decorrentes do desenvolvimento da atividade turística e já alcançou o posto de terceira maior cidade da Inglaterra. Felizmente, sem perder sua essência. Com características tradicionalmente britânicas, onde o futebol, as atividades profissionais e o passado industrial, sem esquecer a música, é um lugar perfeito para conhecer a verdadeira Inglaterra. Ela tem o tamanho perfeito para quem pretende visitar, o que permite viajar a pé por todo o centro, com preços (especialmente hotéis) muito mais razoáveis do que a capital, Londres.

Uma das primeiras coisas que o viajante descobre em Manchester é o símbolo da abelha. Ele é onipresente. No papel, em grafites pelas ruas, em camisetas em vitrines e no escudo da cidade. O que isso tem a ver com o berço da cidade da revolução industrial? Claro que não é o mel.

O ícone passou a ser utilizado quando Manchester era conhecida como um enxame de trovadores em suas colmeias. Daí, a abelha. A marca havia sido esquecida nos últimos anos, porém, tempo depois do ataque terrorista há dois anos, foi decidido que tatuadores usariam parte do dinheiro destinado às vítimas e recuperação do local para fazerem tatuagens com o desenho do inseto. Hoje a abelha é um símbolo do orgulho recuperado.


Vanguarda

A história da cidade se mistura com vários movimentos sociais que mudaram tradições no país e no mundo, traçando um novo futuro. Manchester foi o epicentro global da indústria têxtil, com um importante movimento operário. Não por acaso, foi lá que o movimento sufragista iniciou a luta pela conquista do voto feminino, com Emmeline Pankhurst sendo uma das pioneiras. A casa da sufragista pode ser visitada (www.pankhursttrust.org/).

O cooperativismo também nasceu em Manchester, em 1844, quando 28 trabalhadores criaram uma cooperativa com o objetivo de comprar alimentos a um preço justo e em boas condições, o que na época não era fácil. Atualmente, é possível visitar a sede original da cooperativa em Rochdale, a poucos quilômetros do centro da cidade (www.rochdalepioneersmuseum.coop/). O grupo cooperativo existe até hoje e tem 70 mil funcionários em todo o Reino Unido.

Para conhecer o passado, é o melhor começar com uma visita orientada por um guia turístico local. O posto de turismo oferece diversas possibilidades (www.visitmanchester.com), embora a maioria deles façam narrativas em inglês. Viajantes em grupo podem entrar em contato para obter informações sobre a disponibilidade de guias em espanhol ou português.

Para aprender um pouco da história do trabalho industrial, vale a visita ao Museu da Indústria e Ciência (www.scienceandindustrymuseum.org.uk/), que tem entrada gratuita. Lá você pode ver teares do século 19 e locomotivas que mostram como os operários trabalharam na ferrovia entre Manchester e Liverpool, o primeiro trem de passageiros do mundo. É uma atividade especialmente interessante para as famílias, com muitas atrações interativas para crianças, como um show de carros e aeronaves militares.


Bola no pé

Muito mais conhecida é a relação entre Manchester e futebol. A cidade é berço de duas equipes famosas do mundo ; Manchester United (www.manutd.com/en/visit-old-trafford) e Manchester City (https://es.mancity.com). Os estádios podem ser visitados, dependendo da programação dos jogos. O Futebol Museu Nacional l (www.nationalfootballmuseum.com/), no centro, é outra opção muito interessante para os fãs do esporte e para as famílias. Este museu está a cerca de 250 metros da Catedral de Manchester e do Centro Comercial Printworks, um dos prédios mais característicos da cidade.


O norte descolado

A Rua de Oldham é o epicentro do bairro da moda. Entre as ruas Hilton e Voltar Picadilly, há várias lojas de roupas vintage (brechós), dos anos 1980 e 1990, além de discos de vinil. Na região, também há vários pubs. O bairro, que até recentemente estava abandonado, tornou-se o centro da balada local. Aos domingos é possível encontrar, na praça Stevenson, um agradável mercado de pulgas, com antiguidades, artesanato e alimentos. Basta caminhar ao redor da área para descobrir, pelos cartazes nas paredes, quais serão as apresentações musicais e novas aberturas de bares, clubes e restaurantes.

As opções são muitas, desde uma carne deliciosa a pizzas. Nas noites de sexta-feira e sábado, há muitos clubes com música ao vivo como Bando ou o Wall. Todos oferecem uma cerveja local Holt (www.joseph-holt.com/)que precisa ser degustada.


Pulsante

O centro da cidade, que foi destruído por uma bomba do IRA em 1996, é agora uma área comercial para pessoas que gostam de luxo. Após o atentado, a cidade recebeu milhões de libras em financiamentos públicos e privados para a recuperação da área. O novo perfil do bairro atraiu varejistas de luxo, como Selfridges e Harvey Nichols. Uma antiga gráfica foi transformada em um centro de entretenimento e o National Football Museum mudou-se para o lado em 2012, ocupando o atraente prédio Urbis que foi concluído antes dos Jogos da Commonwealth. A nova área é um símbolo do renascimento da cidade.


Luta armada
Em 19 de junho de 1996, o Exercito republicano Irlandês (IRA) assumiu a autoria do atentado a bomba que deixou 200 pessoas feridas em Manchester, destruindo diversas edificações. Os autores enviaram uma mensagem aos meios de comunicação onde diziam ;lamentar as vítimas; e argumentavam que o ato terrorista era uma das ações do grupo com o objetivo de tirar a Irlanda do Norte de sua condição de Província do Reino Unido e uni-la à Irlanda.