Jornal Correio Braziliense

Turismo

De Cascudo ao Potengi



Ainda perambulando na viagem no tempo pela história de Natal e arredores, o turista passará pelo colorido Beco da Lama, onde nas noites de quinta-feira acontece um animado samba, e chegará à casa de Câmara Cascudo, escritor, advogado, jornalista e estudioso da cultura popular brasileira, que deixou uma vasta obra e sempre viveu na capital potiguar, sendo considerado um dos maiores folcloristas do país. O espaço é administrado pela neta Deliana Cascudo, 56 anos, guardiã da memória intelectual da família. A entrada custa R$ 5.

;A Casa de Cascudo é mantida de forma privada. Preservamos o acervo de vovô e divulgamos a obra dele, guiando visitas de inúmeros grupos pelo espaço e vendendo novas edições dos livros que ele escreveu. É uma pena que ainda não tenhamos o devido reconhecimento da administração pública, pelo relevante serviço que prestamos à cultura do estado, mas continuamos na luta para manter o trabalho;, diz Deliana.


Seguindo o passeio pelo centro histórico, um pouco mais adiante, chega-se ao Complexo da Rampa, uma instalação às margens do Rio Potengi, que teve relevância estratégica e militar na década de 1940, pois servia como base dos hidroaviões norte-americanos durante a Segunda Guerra Mundial. Há uma famosa foto de época no local em que os presidentes brasileiro, Getúlio Vargas, e dos Estados Unidos, Franklin Roosevelt, selaram o acordo de cooperação para combater os nazistas.

Com projeto do arquiteto Carlos Ribeiro Dantas, o Complexo da Rampa ganhou uma edificação inspirada nos traços do 14-bis, que servirá como centro cultural. Os trabalhos de construção e reformas de todo o espaço foram orçados em cerca de R$ 8 milhões. ;A expectativa é de inauguração até o fim deste ano. Falta pouca coisa. O principal, agora, é definir quem cuidará da administração;, explica Dantas.


O horário do pôr do sol vai se aproximando, mas ainda há tempo de embarcar em um agradável passeio pelo Rio Potengi, que em tupi-guarani significa ;águas de camarão;. O ingresso custa R$ 70 e, do barco de médio porte com dois pavimentos, observa-se um magnífico crepúsculo, com direito a uma brisa refrescante, enquanto o guia e historiador Ítalo de Araújo, 26 anos, conta uma versão potiguar para o descobrimento do país. ;Há fortes indícios, baseados na localização geográfica, nas correntes marítimas e mesmo por uma análise mais profunda da carta de Pero Vaz de Caminha, de que os portugueses desembarcaram no Brasil pelo Rio Grande do Norte e não pela Bahia;, defende. Seja lá como tenha sido e controvérsias à parte, Natal é um destino encantador. (FB)