Jornal Correio Braziliense

Turismo

Dos tempos dos vikings



Bergen ; Noruega

Bergen é a segunda cidade da Noruega em população. Desde 1979, é considerada patrimônio mundial da humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) em razão da riqueza da cultura medieval na região, distribuída em sua arquitetura colorida, principalmente do bairro de Bryggen. A cidade que apresenta um clima frio que persiste em maior parte do ano e muita chuva atraiu, em 2018, mais de 2 milhões de visitantes. Deles, 10.339 eram brasileiros. O ambiente acolhedor é ocupado por um pouco mais de 280 mil habitantes. A cidade está localizada em uma península ao longo da costa Sudoeste norueguense, no centro dos fiordes ; mar e montanhas rochosas. Bergen, cercada pelas De syv fjell (Sete Serras), fica a uma distância de 304 km de Oslo, capital do país.

A cidade norueguesa foi fundada em 1070 pelo rei Olav Kyrre. Até o século XIV, acolheu a fortificação viking, povo nórdico ou normando, originário da Escandinávia, região antiga da Europa. Os vikings praticavam atividades agrícolas, artesanato e comércio marítimo. O conjunto arquitetônico de casas presentes em Bergen representa o que sobrou do tratado alemão mercantil com a Europa e o Báltico, nos séculos XIII e XV. Esse tratado era conhecido como a Liga Hanseática, em que os alemães controlavam o comércio dessas regiões. A cidade foi a atração dos germânicos no verão pelo bacalhau seco, que, durante esse período, foi comercializado para a Europa. Já nesse tempo, Bergen era um dos locais mais importante da Noruega.

O Cais do Porto, as quase 60 casinhas de madeiras coloridas em amarelo e vermelho e mais seis de pedra, ocre e tijolo, com telhados pontudos, remetem à lembrança cultural do contexto medieval em que Bergen viveu. Vários estabelecimentos, como armazéns e estalagens, tornaram-se restaurantes, museus e lojinhas. De acordo com a embaixada da Noruega, o que pode justificar o colorido das casas é o céu de muitas nuvens e a predominância das chuvas.

A justificativa se dá também pela cultura enraizada, segundo Frederico Flósculo, professor da Universidade de Brasília (Unb). ;A relação entre cor e clima é mais devida à expressão de identidades culturais e de clãs ; grupo de pessoas unidas por parentesco e linhagem, definido pela descendência de um ancestral comum ; do que da reação ao clima sombrio;, diz.

Os tons coloridos que fazem de Bergen um local acolhedor para os visitantes passaram por algumas tragédias. A cidade foi vítima de dois incêndios. O primeiro ocorreu em 1702, quando grande parte das casas que pertenciam à Liga Hanseática pegaram fogo, com edifícios, comércios e prédios administrativos. Após a tragédia, 11 casas coloridas foram reconstruídas. O segundo se deu em 1955, quando foram destruídas as obras de Bryggen. Após 13 anos de escavação arqueológica, foram reveladas inscrições em ruínas, conhecidas como inscrições de Bryggen, guardadas no acervo do Bryggen Museum, construído em 1976. Atualmente, apenas um quarto das construções dessa parte antiga de Bergen é original, o restante é predominante de estruturas jovens, apesar de existirem algumas adegas de pedra que datam do século 15.