Jornal Correio Braziliense

Turismo

Verde que te quero: a natureza poderosa de Curitiba

Entre parques e bosques, a capital paranaense é um verdadeiro refúgio dentro do caos metropolitano. A Cidade Ecológica guardas nas ruas a história e revela a modernidade urbana

Mergulhar na história e emergir na modernidade, esse paradoxo descreve bem a experiência de quem anda pelas ruas de Curitiba. Os antigos edifícios cheios de histórias mesclam-se às modernas construções, no centro cosmopolita. As dicotomias estendem-se ainda pelo concreto, um marco da evolução urbana, em perfeita harmonia com a imensa variedade de verde encontrada nas ruas e aglomerada nos 33 parques que a capital paranaense ostenta.

A biografia dos mais de 350 anos de existência está inscrita nas praças, nos antigos casarões, estátuas e também nos centenários pinheiros, que, inclusive, emprestam o nome à capital. Do tupi, Curitiba é a junção de dois termos que significam ;muitos pinheiros; ou ;pinheiral;. Avistado em qualquer área verde da cidade, o Pinheiro-do-Paraná, um tipo de araucária, é símbolo do estado sulista.

A natureza é a principal aliada da qualidade de vida do curitibano e responsável pelas belezas do lugar. Apelidada de Cidade Ecológica, a metrópole é a quinta mais arborizada do Brasil e preserva quantidade cinco vezes maior de área verde por número de habitantes que o mínimo recomendado pela Organização das Nações Unidas (ONU).

Jardim Botânico de Curitiba


A icônica estufa de vidro rodeada pelos canteiros vestidos de coloridas flores é o principal cartão-postal da cidade. O visitante desfruta das trilhas em meio à mata nativa, dos lagos que mantêm o vigor do ar e, também, do Jardim das Sensações, um cantinho de interação totalmente projetado para que o visitante usufrua da melhor experiência de integração à natureza. Em uma pequena trilha de 200 metros, estão dispostas plantas envasadas que não apenas podem, mas devem ser tocadas, sentidas e cheiradas pelo público; normalmente, o trajeto é feito usando-se vendas nos olhos. Uma verdadeira imersão sensorial.


Parque Tanguá


Estratégico, o bosque foi construído para afastar a criminalidade do local. Antes um ponto de desmanche ilegal de veículos, pelo esconderijo em meio à vegetação, tornou-se um dos espaços mais bonitos da cidade e parada obrigatória para apaixonados casais viajantes. O jardim de estilo francês possui dois espelhos d;água, em um deles uma pequena queda que deságua no lago e acima dela o mirante integrado por duas torres. Do alto delas, é possível avistar toda a área verde do parque e o caminho que as águas percorrem até chegar ao Rio Barigui.

Bosque Alemão


O mais lúdico dos parques. Em uma das pontas, o Oratório de Bach recepciona os visitantes, uma construção que imita as igrejas presbiterianas neogóticas, que faz frente à Torre dos Filósofos, o ponto mais alto do bosque. Dela, uma vista privilegiada da trilha abaixo e das casas que rodeiam o espaço verde. Descendo a torre, o acesso ao Caminho dos Contos. A trilha encantada traz em painéis azulejados a história mais famosa dos irmãos Grimm, João e Maria. Percorrendo a estradinha recreativa, chega-se à Casa da Bruxa, espaço dedicado à contação de histórias aos pequenos. Lá, educadoras trajadas de personagens infantis incentivam a criançada o hábito da leitura. Parada obrigatória para as famílias que viajam com os filhos.

Parque Barigui



A imensidão verde distribuída nos mais de 1,4 milhão de metros quadrados e a proximidade do centro da cidade fazem do Parque Barigui o mais frequentado da capital. A variedade de animais que visitam a reserva também é grande: aves migratórias e pequenos mamíferos, como o gambá, estão sempre por lá, encantando os visitantes. Ele foi criado com fins de preservação do rio homônimo e de sua mata ciliar. A estrutura é complexa e conta com pavilhão de exposições, restaurantes, lanchonetes, o Museu do Automóvel, pistas de aeromodelismo, patinação, corrida, heliponto, academia e trilhas por meio dos bosques.

Bosque João Paulo II



Homenageando a primeira visita de João Paulo II ao Brasil, ocorrida em 1980, o cantinho abençoado também é uma reverência à população polonesa, uma das principais representantes dos imigrantes que povoaram o Paraná. Entre os imensos pinheiros, existem sete casinhas típicas polonesas construídas na época da colonização e remontadas no parque. Cada construção abriga um pouquinho da história desse povo e sua vinda para o Brasil. Em cada detalhe, um novo conto, desde os utensílios de cozinha aos móveis de madeira rústica que preenchiam as residências polonesas.


Passeio Público



Esse é o mais antigo da cidade. Inicialmente construído para abrigar o primeiro zoológico da capital paranaense, o Passeio Público mantém alguns animais de pequeno porte, além de um lago onde é possível andar de pedalinho. A extensa área verde preserva a típica vegetação local, repleta de altíssimas araucárias. Os portões foram inspirados naqueles do cemitério francês para animais (Cimeti;re des Chiens). A estrutura do parque é bem completa; nele, encontram-se restaurante, playground, aquário, pistas para caminhada e ciclovia.

Ópera de Arame - Parque das Pedreiras


Um espetáculo de construção que dispensa concreto e encravada entre os morros rochosos, a Ópera de Arame abriga um complexo centro de recreação. Inteiramente feita de placas transparentes de policarbonato e estrutura metálica, o seu interior guarda um imenso auditório, bares e restaurantes. O visitante vislumbra a moderna construção cristalina enquanto pode observar a queda d;água que sonoriza o ambiente de forma quase mágica. Um lago é formado ao final da cachoeira, onde é possível observar uma diversidade de peixes. Nos bares, música boa, jazz misturado ao cantar dos pássaros que fazem das árvores do Parque das Pedreiras a sua morada.


* Estagiária sob supervisão de Taís Braga