Uma das 15 ex-repúblicas soviéticas, a Geórgia é terra natal de Joseph Stalin, ditador soviético de 1922 a 1953, período em que, estima-se, seu regime vitimou mais de 10 milhões de pessoas. Nascido em Gori, a cerca de 80 quilômetros de Tbilisi, Stalin teve suas estátuas e imagens removidas das vias públicas da Rússia, depois das denúncias de seu sucessor, Nikita Khrushchov. Em Moscou, as peças que restam estão entulhadas no Parque Muzeon, o cemitério de imagens do comunismo.
Se é tratado com ressalvas pelas outras ex-repúblicas, Stalin é lembrado em sua terra natal, onde, só em 2010, foram removidas suas últimas estátuas. Pelas ruas de Tbilisi, é muito fácil encontrar suvenires do ditador: bustos, pinturas, livros, ímãs e fotografias. Conversando com os georgianos, nas ruas e nos restaurantes, o sentimento é de que há resistência dos mais velhos em aceitar as atrocidades ordenadas pelo georgiano e, entre uma parcela de jovens, há uma onda de admiração.
Pesquisa do Tbilisi Forum ; site local ;, realizada em 2008, mostrou que 37% dos georgianos tinham orgulho de Stalin, nascido em 1878, filho de uma costureira e de um sapateiro, que viveu em Tbilisi, com o sonho de se tornar seminarista. Gori tem um museu dedicado a Stalin.
Pulgas
Para os colecionadores, historiadores ou apenas apaixonados por suvenires, é indispensável gastar algum tempo no Dry Market, mercado de pulgas a céu aberto, em uma praça às margens do Rio Kura. É possível comprar relíquias do período soviético, notas, discos, câmeras e lentes fotográficas, além de louças, quadros, objetos de cerâmica, livros, atlas e álbuns de fotos. Os objetos ficam expostos em tapetes ao redor da praça, todos os dias da semana.
Todos os sabores
Geórgia e Armênia disputam o título de berço do vinho. As vinhas mais antigas do mundo foram encontradas na região do Cáucaso, entre 7.000 a.C e 5.000 a.C. Em 2011, foi descoberta a vinícola mais antiga em Areni, na Armênia, de cerca de 6 mil anos. Bebe-se vinho em todos os horários e ocasiões na Geórgia, de todos os preços. Uma jarra com meio litro de tinto da casa, em tabernas de comidas tradicionais, pode custar a bagatela de 2,5 laris (R$ 4).
Menina dos olhos
Os principais restaurantes concentram-se na área da Velha Tbilisi, a parte histórica do Centro, onde fica a Praça da Liberdade, o marco zero da cidade. As opções vão dos mais sofisticados, como o Kafe Leila (18, Ioane Shavteli), recomendado em publicações internacionais, às pequenas cantinas de comida local ; destaca-se o modesto e bem servido Racha Dukhan (4, Mikheil Lermontovi), onde é possível experimentar khinkalis, afkhazura e uma jarra de vinho. Tudo por menos de R$ 30.
Khachapuri, a menina dos meus olhos ; e estômago ;, tem por toda parte. O Sakhachapure #1 talvez seja o mais famoso (5, Rustaveli), mas, se quer experimentar algo ainda mais tradicional, siga a indicação da Nino, a simpática recepcionista do hotel em que me hospedei, e vá ao Ajaruli (23, Rustaveli), loja de subsolo frequentada apenas por georgianos, que serve o prato acompanhado de lagidze, por módicos 12 laris (cerca de R$ 18). Para se refrescar, uma boa pedida são as inúmeras barraquinhas que vendem suco de romã, a fruta mais popular do Cáucaso. (RD)
Experimente
Churchkhela
O doce nacional da Geórgia, preparado com o sumo da uva, nozes e farinha
Khachapuri
Espécie de esfiha aberta, com as pontas alongadas, coberta de queijo e um ovo de gema mole em cima
Khinkali
Trouxa de massa cozida, recheada com carne, queijo ou vegetais
Afkhazura
Espécie de kafta enrolada em bacon, acompanhada de batata frita
Lagidze
Mistura de bebida gaseificada com leite ou achocolatado
Anote
Como chegar
As opções de voo partem, normalmente, de São Paulo e, depois, Istambul ou Dubai. A principal companhia aérea do país é a Georgian Airways, que faz voos regionais e para países vizinhos. Cruzar fronteiras por terra exige informações e cuidados redobrados. Não é possível atravessar do sul da Rússia para a Geórgia, por exemplo, por causa da região separatista da Abecásia.
Alfabeto e idioma
Cada país do Cáucaso tem seu próprio alfabeto e as letras ; ao contrário do cirílico, da Rússia ; não têm qualquer semelhança com o alfabeto romano. São 33 letras, sem distinção de maiúscula e minúscula, ilegíveis para leigos. Na capital, as placas são em inglês, idioma difundido nas escolas desde o fundamental.
Moeda e câmbio
A moeda local é o lari, que pode ser trocada nas inúmeras casas de câmbio da Avenida Shota Rustaveli, a principal da capital, ou na região da Old Tbilisi. O ideal é chegar ao país com euro, dólar ou rublo russo. As moedas e notas vão de um a 200 laris. Um lari custa em torno de R$ 1,50.
Visto
Não é necessário visto de turista para entrar e permanecer por até 90 dias na Geórgia, assim como para a Armênia, que aboliu a necessidade em 2015. O procedimento no aeroporto foi simples, apenas com as perguntas protocolares. O único país do Cáucaso que exige visto para brasileiros é o Azerbaijão.
Clima
Como a Geórgia é protegida por montanhas, o clima é moderado ; nem tão gelado quanto a vizinha Rússia, nem tão quente quanto o Oriente Médio. As médias anuais são positivas, mesmo no inverno de dezembro e janeiro (variando entre 1;C e 3;C). Em julho e agosto, a média é em torno de 25;C, mas superando facilmente a casa dos 30;C.
Pelo interior
Batumi, a 18 quilômetros da fronteira com a Turquia, é a segunda cidade mais conhecida da Geórgia. A partir de Tbilisi, é possível fazer várias viagens bate e volta, com saída em vans e agências de turismo. Os principais destinos são Mtskheta (primeira capital do país), Kakheti (principal região vinícola) e Kazbegi-Ananuri (região montanhosa).
Hotéis
Como recebe inúmeros congressos e feiras internacionais, Tbilisi dispõe de boas opções com as principais redes hoteleiras. A melhor região para se hospedar é nas imediações da Shota Rustaveli e da Praça da Liberdade, o marco zero da cidade. Batumi, na região costeira do Mar Negro, é bem servida de hotéis e aeroporto.