Jornal Correio Braziliense

Turismo

Licença a bordo: o sonho real de dar a volta ao mundo

Viajar pelos cinco continentes é uma façanha que vive no imaginário de muita gente. O Turismo conta histórias inspiradoras de pessoas que embarcaram nesse desafio e mostra que é possível realizá-lo



Era dezembro de 1872, quando o inglês Phileas Fogg fez uma aposta, no valor de 20 mil libras, com os amigos com quem jogava cartas e garantiu que em 80 dias seria capaz de dar a volta ao mundo. Fogg argumentava que os avanços tecnológicos permitiriam a façanha. O personagem de um dos clássicos da literatura juvenil (A volta ao mundo em 80 dias, de Júlio Verne), na companhia de Passepartout, seu empregado, consegue completar o trajeto.

A façanha, no entanto, é um desejo ; às vezes secreto ; de muita gente. E não é tão difícil de ser realizado. A viagem (e aqui seguimos o argumento do autor ; com as facilidades da tecnologia) pode ser feita com um roteiro maior, utilizando diversos meios de transporte. Basta organizar um roteiro. De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU) são 193 países espalhados nos cinco continentes.


Além dos oficiais, há outras regiões que não entram na conta, mas estão presentes no globo terrestre: Taiwan, que não tem sua independência reconhecida pela China. Palestina e Kosovo não são aceitos na categoria de Estados por Israel e Sérvia, respectivamente. E o Vaticano, que apesar de sua soberania e grandeza, também não entra no ranking.


Carolina Fernandes, 39 anos, trabalhava em uma empresa de marketing em São Paulo, mas não se sentia feliz com sua vida profissional. Então, convidou o marido Alexis Radoux, 38, (na época, namorado) e partiram, juntos. Conheceram 44 países. ;Vivi uma crise existencial, queria viver novos caminhos e decidi viajar;, explica Caroline. A façanha foi realizada em dois anos, entre 2011 e 2013. ;A lista foi gigantesca, mas fomos cortando e depois decidimos para onde ir. No primeiro ano foram 29 países e, no segundo, 15;, detalha. ;Meu forte é planejar, tínhamos dinheiro guardado; portanto, a parte financeira estava tranquila. Já o roteiro é uma base para orientação, porque você muda no meio do caminho devido às situações climáticas nos países, então, fugíamos um pouco do trajeto e depois retornávamos;. O custo total ficou em R$ 120 mil para cada um nos dois anos.;Começamos com o dólar a 1,7 e terminamos a 2,4. No total, foram 17 mil dólares para mim e para meu marido;. Para reduzir custos, o casal levou em consideração os países com custos mais baratos, assim como as passagens de avião.


Para a paulistana, a viagem resultou em uma descoberta sobre seu valor como ser humano. ;Foi a aventura mais rica que fiz na vida, o mais incrível foi minha evolução como ser humano, foi o melhor que poderia ter acontecido;. Para o marido, a experiência foi igualmente transformadora. ;Eu não consigo imaginar como seria a minha vida hoje, se eu não tivesse feito isso;, afirma o francês, Alexis Radoux. Para registrar a experiência e compartilhar o seu conhecimento, Caroline criou um blog, o ViraVolta, onde dá dicas para àqueles que sonham em dar a volta ao mundo. ;O blog é uma forma de incentivar as pessoas a deixarem o medo de lado;. Além dos 44 países, a jovem que se autodenomina uma especialista em viagens transformadoras, ela viajou mais 26 países. ;Incluindo outras viagens, já conhecemos mais de 70 países;, orgulha-se.

* Estagiária sob supervisão de Taís Braga