Turismo

Visitar vinícolas é o passeio preferido dos turistas brasileiros no Chile

Colher uvas e participar das comemorações com bons vinhos é uma programação que cresce na preferência dos turistas que vão ao país, mas dá tempo para aproveitar outros roteiros

Edílson Segundo - Especial para o Correio
postado em 06/05/2017 10:00

Colher uvas e participar das comemorações com bons vinhos é uma programação que cresce na preferência dos turistas que vão ao país, mas dá tempo para aproveitar outros roteiros

Chile é o destino principal do brasileiro quando o assunto é provar, comprar e conhecer a produção do vinho por meio de visitas a vinícolas. Nesta época do ano, quando ocorre a colheita da uva, a chamada Vindima, cerca de 80% daqueles que participam desta festa são estrangeiros. Norte-americanos, argentinos, uruguaios, europeus também apreciam a experiência. Nosso público representa 30% desse total. Todos em busca de um único objetivo: passear pelos vinhedos e saborear os mais diversos vinhos e espumantes produzidos numa das principais regiões da América do Sul.

[SAIBAMAIS]As visitas às vinícolas ocorrem principalmente na região Centro-Sul do Chile, nos arredores da pequena cidade de Casablanca, província de Valparaíso, distante 75km da capital Santiago. O município tem aquela característica de cidade do interior. Uma praça central, bancos no entorno, árvores, uma fonte jorrando água e uma igreja. É lá, na Plaza de Armas, onde toda a população se concentra para um dos principais festejos do ano: a Vindima, que reúne dezenas de produtores de vinho da região durante dois dias. No palco tem apresentações culturais, shows, concurso de rainha da uva e sorteios de garrafas da bebida.

O ingresso para participar da Vindima é a compra de uma taça. Os preços variam de 6 mil a 10 mil pesos chilenos (entre R$ 28 e R$ 80) e dá direito a degustações de vinho, espumante e petiscos. Com a taça na mão, é hora de percorrer os estandes e experimentar. Tem vinho de todo tipo: mais forte, mais fraco, suave, seco, doce e premium. Sem filas e tumulto, cada um se serve e vai apreciar a bebida sentado no gramado da praça ou em mesas estrategicamente colocadas ao redor do espaço. Famílias inteiras saem de casa para comemorar. Parece uma quermesse em plena luz do dia.

Mas a festa não só se concentra na praça. As vinícolas abrem ao público e recebem os visitantes com requinte. Degustações, almoço e petiscos estão inclusos nos pacotes. Na charmosa La Recova, cuja especialidade é o sauvignon blanc, o turista faz uma imersão no mundo do vinho. O valor varia de 14 mil a 35 mil pesos chilenos (entre R$ 65 e R$ 165). O dono, o brasileiro radicado no Chile, David Giacomini, de 44 anos, é o próprio guia.

Ele explica todo o processo de plantação da fruta até a colheita. Formado em engenharia industrial e desde os 13 anos morando em Casablanca, David aprendeu com o pai a apreciar o vinho. ;Minha mãe se casou com um chileno e desde criança via meu pai bebendo vinho. Era tradição;, contou.

Colher uvas e participar das comemorações com bons vinhos é uma programação que cresce na preferência dos turistas que vão ao país, mas dá tempo para aproveitar outros roteiros

O terreno familiar de quatro hectares em cima de um morro, na região mais fria de Casablanca, estava esquecido até que ele decidiu investir. ;Tinha um terreno e não sabia o que fazer. Aí, decidi plantar uva e deu certo;. A princípio, toda a produção era vendida para outras vinícolas. Mas em 2014 foi fabricado o primeiro vinho La Recova. Hoje, além de exportar a bebida para o Brasil, a vinícola é famosa por receber turistas do mundo todo.

;Noventa por cento das nossas visitas são de australianos, norte-americanos, canadenses, neozelandeses e europeus;, revelou. Os brasileiros ainda estão descobrindo o espaço que já tem em sua carta um vinho eleito um dos cem melhores do Chile.

Na Catrala, uma pequena vinícola boutique, que produz por ano 165 mil garrafas, o turista opta por passeios durante 1h30 ou um dia. Sempre acompanhado por um guia, o turista anda pelo parreiral e faz uma inusitada caminhada pelo bosque, que desemboca em um oásis de degustação pelo vinhedo. Uma mesa montada entre a plantação recebe os visitantes para uma prova de queijos e vinho. Tudo sempre acompanhado de uma boa explicação. Aqui a diversão custa de 15 mil a 65 mil pesos (entre R$ 70 e R$ 300).

Bicicletas
As vinícolas Estancia el Cuadro e Casas del Bosque têm uma estrutura grandiosa. Com restaurantes e parques industriais de encher os ohos, o turista também faz os mesmos passeios pelas indústrias menores. Na primeira, a visita ao parreiral acontece em uma carruagem importada da França. Dois cavalos puxam o veículo pela estrada de barro enquanto a guia mostra a plantação as peculiaridades da uva. Ao fim, uma breve história da evolução da produção do vinho é contada em um museu. O turista ainda é levado para uma arena onde um típico cavaleiro chileno demostra habilidades sobre um cavalo. O preço do tour varia de 13 mil a 58 mil pesos chilenos (entre R$ 60 e R$ 270).

O inusitado na Casas del Bosque é que o visitante pode percorrer a vinícola de bicicleta. A principal atração é a Casa Mirador: um restaurante que fica localizado no alto de um morro e de onde se tem uma belíssima vista de toda a propriedade. O almoço tem quatro tempos, sempre acompanhado de vinhos. O menu degustação, como é chamado, custa 45 mil pesos (R$ 210). Cerca de 15 vinícolas fazem enoturismo na região Centro-Sul do país. As principais ficam na região do Vale de Casablanca, que explora esse tipo de turismo desde 1980. Por ser um país tradicional na produção de vinho, o Chile ainda não é o lugar onde mais se consome a bebida no mundo. O chileno toma entre 80 e 100 litros de álcool por ano. Treze litros são de vinho. O restante se divide entre cervejas, pisco e outros destilados.

;Aproveite uma curta temporada para:

Tomar um café na Confiteria Torres

Colher uvas e participar das comemorações com bons vinhos é uma programação que cresce na preferência dos turistas que vão ao país, mas dá tempo para aproveitar outros roteiros
Para quem gosta de conhecer lugares históricos não pode deixar de visitar a Confiteria Torres, o café mais antigo de Santiago. Todo seu interior revestido de madeira ainda é preservado. Vale dar uma pausa no tour pela cidade e ir tomar um café.

Ir às compras no Costanera Center
Um dos principais shoppings de Santiago, o Costanera tem seis andares que abrigam as principais lojas de marca do mercado, além de uma enorme praça de alimentação bastante variada. Os preços das roupas e eletrônicos não são tão diferentes do Brasil.

Conhecer o Mercado Central de Santiago

Colher uvas e participar das comemorações com bons vinhos é uma programação que cresce na preferência dos turistas que vão ao país, mas dá tempo para aproveitar outros roteiros
Experimente a culinária local. Não deixe de saborear a centolla, um tipo de caranguejo gigante. O prato exótico é caro: R$ 200. Se quiser provar outros crustáceos, a opção é o loco, um molusco recheado com maionese.

Admirar Santiago do alto do Cerro de Santa Lucía
O parque urbano é perfeito para quem quer se desligar do agito da cidade e apreciar a natureza. É preciso ter fôlego para subir as escadarias até o mirante que fica no topo. A recompensa é um belo visual panorâmico da capital chilena.

Subir a bordo do teleférico do Parque Metropolitano
O parque é o mesmo onde está situado o Cerro San Cristóbal. Após seis anos fechado, o novo projeto do teleférico tem 46 novas cabines, incluindo espaços para levar bicicletas. Ao todo, são 4,8 quilômetros entre as três estações. Ida e volta custam 2.510 pesos chilenos (R$ 11).

Visitar umas das três casas de Pablo Neruda

Colher uvas e participar das comemorações com bons vinhos é uma programação que cresce na preferência dos turistas que vão ao país, mas dá tempo para aproveitar outros roteiros
A La Chascona (A descabelada, em português) é uma casa-museu com sistema de áudio-guia em vários idiomas, incluindo o português. Não necessita de reserva prévia e está aberta todos os dias da semana, exceto às segundas. O ingresso custa 7 mil pesos chilenos (R$ 30).

Fazer um tour por Santiago em uma bicicleta
O passeio é acompanhado por um guia turístico, tem duração de três horas e percorre os principais pontos do centro da cidade. O bom de pedalar pelas ruas da capital chilena é a ausência de ladeiras. A cidade é plana e o passeio não se torna cansativo.

Passear pelas ruas do bairro Paris-Londres

As vias em ladrilho, os casarios e prédios antigos levam o turista a uma viagem para um pedaço da Europa dentro de Santiago. O bairro que consiste em um cruzamento de duas ruas (Rua Paris e Rua Londres) tem cafés na calçada e um pequeno museu.

Subir na torre mais alta da América Latina

Colher uvas e participar das comemorações com bons vinhos é uma programação que cresce na preferência dos turistas que vão ao país, mas dá tempo para aproveitar outros roteiros
São 61 andares de onde se tem uma vista 360 graus de toda Santiago. Dá para ver a Cordilheira dos Andes e algumas estações de esqui. O prédio abriga o shopping Costanera Center. O ingresso varia de 7 mil a 14 mil pesos chilenos (entre R$ 33 e R$ 66). Dica importante: não subir se estiver nublado.

Comer frutas e legumes no La Vega

Colher uvas e participar das comemorações com bons vinhos é uma programação que cresce na preferência dos turistas que vão ao país, mas dá tempo para aproveitar outros roteiros
É uma espécie de Ceasa de Santiago. Lá é possível ver o colorido do mercado e sua gente. Ao contrário do Mercado de Público de São Paulo, onde o turista pode provar as frutas de graça, em Santiago ou você compra ou não sente o sabor.

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