Bangkok ; Viagens a turismo movimentam mais de US$ 7,6 trilhões em todo o mundo e geram mais de 292 milhões de empregos, o que representa um em cada 10 postos de trabalho do planeta. E, apesar da pequena participação do Brasil no setor em termos globais, o turismo voltou a ganhar impulso no país este ano, aponta o World Travel & Tourism Council (WTTC, conselho mundial de turismo e viagens) Global Summit 2017, realizado esta semana em Bangkok, na Tailândia.
Em 2016, as viagens dos brasileiros tiveram uma retração de 7,8% ante 2015. No primeiro trimestre de 2017, sobre igual período do ano passado, no entanto, houve crescimento de 23,5%, conforme FowardKeys, uma pesquisa panorâmica global das viagens aéreas que prevê padrões futuros com base em 16 milhões de reservas.
A pesquisa destacou quatro pontos, entre eles, o retorno do crescimento do turismo em países do BRICS, sobretudo no Brasil e na Rússia. "As moedas desses países estão se recuperando e as pessoas estão voltando a viajar em maior número. As reservas mostram que quatro dos cinco destinos mais procurados pelos brasileiros estão na Europa", afirmou Olivier Jager, CEO da ForwardKeys.
No segundo trimestre deste ano, o crescimento das viagens aéreas de brasileiros previsto pelas reservas é de 29,2%, sendo que os destinos com maior expansão são Portugal (66,8%), Argentina (42,3%), Holanda (38,6%), Reino Unido (37,3%) e França (36,6%). A pesquisa também revelou que a Europa está se recuperando mais rapidamente após os atos terroristas. Antes, os voos só voltavam à normalidade meses após algum evento ataque, agora cerca de cinco semanas são suficientes. ;Isso mostra que as pessoas estão cada vez mais acostumadas com esse tipo de coisa;, lamentou.
Outros destaques da FowardKeys são os turistas chineses, que ampliaram a escolha de seus destinos turísticos e viajam cada vez mais e em número cada vez maior, o Canadá, que se tornou o queridinho da América. "Os Brics estão de volta, a Europa está se recuperando, o Canadá é uma estrela em ascensão e os chineses estão explorando cada vez mais países", resumiu Jager.
Recalibração
Scowsill destacou que, apesar do terrorismo e dos desastres naturais, o turismo mostra resiliência. "As pessoas continuam viajando a despeito do medo gerado pela divisão em raças ou religiões. Fronteiras fechadas levam a mentes fechadas. Nosso setor precisa ser acessível a todos", alertou.
Mercados emergentes
O mercado do turismo de negócios, que movimenta US$ 1,2 trilhão globalmente, sobe, em média, 3,7% por ano. Na Ásia, no entanto, a expansão será de 6,2% por ano até 2027, segundo o mesmo relatório.
O estudo destaca uma lista dos 10 países com maior previsão anual de crescimento do turismo corporativo, levantamento do qual o Brasil não participa. Na Ásia, a China lidera com 9,5% de crescimento anual, seguida de Miamar (8,7%), Hong Kong (8%), Camboja (7,4%) e Índia (7,2%). Ruanda e Gabão, ambos com expansão de 8,5%, e Tanzânia (7,9%) mostram a presença significativa de países da África no levantamento.
Nos últimos cinco anos, os gastos com turismo de negócios avançaram rapidamente em muitos mercados emergentes, como o Congo subindo 32% entre 2011 e 2016; Catar, com expansão de 25%; Azerbaijão, 21%; e Moçambique, 19% , no mesmo período. O relatório aponta, ainda, que os melhores destinos de viagens corporativas são justamente os que tiveram melhorias na questão dos vistos, o que ajudou o setor de turismo e, consequentemente, o crescimento econômico dos países.
Apesar do aumento na maior participação de alguns países asiáticos e africanos, os maiores mercados para o turismo corporativo ainda são os mesmos de sempre: Estados Unidos, China, Reino Unido, Alemanha e Japão.
Para os especialistas do WTTC, vários fatores influenciam no aumento das viagens de negócios, segmento com maior peso na contribuição do turismo para o Produto Interno Bruto (PIB) nacional. O uso de tecnologia de apoio a viajantes e empresas, por exemplo, é apontado como forte indutor de crescimento das viagens de negócios.
A pesquisa mostra que os viajantes corporativos querem alertas de telefones celulares e informações sobre interrupções, atualizações de voo, além de dicas de lazer e gastronomia. O estudo também aponta a necessidade de investimentos em tecnologia, infraestrutura e segurança cibernética.
Para Gordon Wilson, CEO da Travelport, a tecnologia desempenha um papel cada vez mais importante no sentido de facilitar o caminho de quem viaja a trabalho. "Como indústria, precisamos continuar a investir nas melhores tecnologias e infraestrutura, enquanto os governos precisam ajudar mais as companhias, eliminando exigências de vistos", afirmou.
Na opinião de David Scowsill, presidente do WTTC, o setor gera US$ 7,6 trilhões em PIB e 292 milhões de empregos no mundo. "Viagens de negócios são uma parte vital do setor, catalisador para o crescimento global. O turismo corporativo impulsiona relações, investimentos, cadeias de suprimentos e logística, e tudo isso amplia os fluxos comerciais internacionais", destacou. Após seis anos na presidência do WTTC, Scowsill anunciou sua saída do Conselho durante o Global Summit 2017.
*Repórter viajou a convite do WTTC