Jornal Correio Braziliense

Turismo

Pousada nos limites de Brasília é um verdadeiro oásis no cerrado

São raras as opções de hospedagem para quem quer passar um fim de semana de sossego no Distrito Federal. Mas, acredite: há uma boa pousada próxima da capital

Deixar a agitação da capital e relaxar em uma pousada sem gastar muito fica difícil quando as opções mais próximas ficam nas cidades vizinhas de Goiás, principalmente em Pirenópolis e na região da Chapada dos Veadeiros. A maioria, porém, não corresponde ao preço da diária.

Fundada por um fazendeiro gaúcho, descendente de italianos, a Villa Triacca Eco Pousada fica a 55km da área central de Brasília, às margens da BR-251 (Brasília-Unaí). Apesar de estar na área rural, em meio a uma fazenda de grãos, ela segue um conceito diferente de hotel-fazenda e valores aquém dos cobrados nos destinos goianos próximo à capital.

A hospedaria tem um lago para pesca e oferece passeio a cavalo e em trilha, mas não para por aí. O hóspede não encontra a contumaz barulheira, confusão de um hotel-fazenda, como música alta, bebedeira com churrascada, partidas de baralho.

Os donos e os funcionários prezam pelo conforto e pela tranquilidade do cliente. Não permitem que ninguém ligue aparelho sonoro em nenhum ponto da propriedade. Também não há TVs nas áreas comuns, como na recepção, no bar ou no restaurante. Tampouco existe churrasqueira, campo de futebol ou quadra esportiva.

O som ambiente dos dois restaurantes e do bar à beira da piscina toca em um volume que permite manter a conversa em um nível normal e até a concentração na leitura de um bom livro, atividade muito apreciada por boa parte dos hóspedes, formada em sua maioria por casais maduros.

As caixinhas de som costumam ser alimentadas por clássicos da MPB e do rock internacional. Em feriados e nos fins de semana, há apresentação de músicos, com repertório de ótimo gosto, no bar da piscina e no jantar. Em volume e horário condizentes com um ambiente de relaxamento.

Como chegar

Passando a Ponte JK, em Brasília, siga pela avenida principal do Jardim Botânico, passando pela Escola Fazendária (Esaf), até o trevo da BR-251, no sentido Unaí. Ao avistar um posto de gasolina, o Pedrão (único no percurso), continue na rodovia federal por mais 8 km e estará em frente à Pamonharia Kiosque PadBier, já na fazenda (à esquerda); á direita a Coopa-DF, a Emater-DF e o Supermercado Egon;s e uma parada de ônibus. Siga até o próximo retorno à esquerda, retorne mais alguns metros no sentido Brasília e encontrará uma entrada à direita para a fazenda (não seguir para Palmital-MG, também à direita). Após entrar na fazenda, siga mais 1km, observando as placas de identificação, e chegará à pousada. Para fazer todo esse percurso de carro, com trânsito normal, gasta-se em torno de 45 minutos.

Mais informações

Diária para o casal (meia-pensão com café da manhã e jantar)

  • Segunda a sexta: R$ 340
  • Fim de semana: R$ 387,50
  • Feriados: R$ 700
  • Almoço no Bistrô das Águas: R$ 39 por pessoa
  • Site: www.villatriacca.com.br
  • Telefones: (61) 4103-2792 e (61) 98463-1939


Vista privilegiada
Feitas de pedra, alvenaria, vidro e muita madeira, as instalações da Villa Triacca são, ao mesmo tempo, simples, charmosas e aconchegantes. Elas foram construídas em um lugar de rara beleza, em meio à mata de cerrado virgem e muitas nascentes de água. Um oásis em uma região onde o cerrado foi dizimado nos anos 1970 e 1980 para dar lugar a plantações de soja e feijão, em sua maioria.

As duas alas com 18 apartamentos, separadas por um prédio central onde ficam a recepção e o restaurante (com um enorme salão e uma varanda suspensa), ficam de frente para dois lagos. Há ainda cinco bangalôs, também de frente para um lago. Todas as acomodações das pousadas têm porta de blindex na sacada e paredes revestidas de pedra para dar mais conforto térmico e acústico.

Dá água na boca

A gastronomia é mais um ponto forte da Villa Triacca. Em um ambiente rústico e acolhedor, com paredes revestidas de pedras e um deck sobre o lago, onde se pode apreciar peixes e uma bela vista, o Restaurante da Villa oferece um farto café da manhã e um saboroso jantar, sempre elaborado pelo chef tunisiano Naceur Ben Rhouma. Além de bom de serviço, ele é bom de papo. Faz questão de agradar aos clientes. E adora falar dos seus pratos e da sua terra.

Os almoços são servidos no restaurante Das Águas Bistrô Rural, próximo da área das piscinas. Os hóspedes podem saborear pratos da cozinha regional goiana, mineira e sulista, preparados pelos donos, gaúchos descendentes de alguns dos primeiros moradores do PADDF, e servidos em um incomum imponente fogão a lenha de aço. Os legumes e verduras são em sua maioria orgânicos. O Das Águas Bistrô Rural também atende o público externo.

Pesca e mergulho

No maior dos lagos, pode-se praticar a pesca esportiva. O reservatório de 9 mil metros quadrados tem peixes como matrinchãs, tilápias, pacus, tucunarés, dourados e pintados. Também é possível andar de pedalinho de graça. No outro lago, os pedalinhos têm forma de cisne. Em ambos se pode nadar e mergulhar em meio aos peixes. As crianças são incentivadas a alimentar os bichos com porções de rações vendidas em saquinhos.

Mas, para quem gosta de nadar, o melhor é a área de piscinas. Ao lado de um dos lagos e de um bar, elas são aquecidas e com piso de pedra, no estilo rústico, típico de uma área rural. Uma delas, com cascata, é o xodó dos pequenos. A outra, de 150m;, linda, é ideal para adultos.

Espreguiçadeiras ficam sob cobertura de palhoças, dando um clima de praia. No bar são servidos drinques diversos, além de cerveja, refrigerantes, sucos, aperitivos, salgados, sanduíches, picolés e sorvetes.

Vizinho à piscina menor, há o parquinho infantil. Ele tem pula-pula, miniarvorismo, casinha da árvore, balanço, entre outros atrativos. Tudo sob uma enorme mangueira, que propicia a devida sombra em dia de sol forte.

Mimos que faltam

Claro, o Villa Triacca Eco Pousada tem os seus defeitos. A maioria, por não oferecer serviços e produtos elementares em um estabelecimento que se propõe a acolher o hóspede com o máximo de paz e conforto, em uma região quase desabitada, sem centros de compras por perto.

Faltam, por exemplo, os produtos e serviços como os de uma cafeteria e os de uma chocolateria. Não são oferecidos espresso, capuccino, chocolate quente. Tampouco chocolates finos. Nem mesmo qualquer tipo de chocolate ou doce. Há só café coado e chá em sachês à disposição dos hóspedes, de graça, na recepção. Mas eles não suprem as necessidades de quem deseja consumir um café ou um chá de qualidade após o jantar ou em um dia chuvoso, frio.

No bar à beira da piscina e no restaurante da pousada, também não há sucos naturais. Nem mesmo de laranja e limão. Um pecado para um ambiente pensado para parecer com o de uma praia e que atrai tantas famílias com crianças pequenas, gente avessa a refrigerantes, em sua maioria.

Os donos se comprometeram a reparar tais falhas ainda neste ano, com a compra de uma moderna máquina de café espresso e a instalação de uma pequena cafeteria.