[SAIBAMAIS]
O ouro preto de Granada atravessa o Caribe ; o país é o segundo maior exportador de noz-moscada do mundo ;, mas, dentro de casa, divide espaço com outros cheiros e sabores. Não à toa a nação que tem quase o tamanho de Curitiba recebe o apelido de Ilha das Especiarias. Formas de apreciá-las não faltam: em restaurantes e lanchonetes, nas bancas espalhadas por ruas e mercados ou nas fazendas que juntam lavoura, turismo e muita história.
A cidade litorânea de Gouyave é uma das paradas obrigatórias. Ela abriga uma cooperativa de noz-moscada. Os dedos ágeis e habilidosos de mulheres separam fruto e semente de forma bastante artesanal. Xarope para óleo de massagem, esmalte de unha e até spray que alivia dores saem na outra ponta da ;esteira;. Seguindo de carro pela Belvedere Road, atravessam-se inúmeras plantações de cacau; e, se o objetivo for acompanhar o processamento do chocolate, a secular fazenda Belmont mata a curiosidade em uma tradicional visita guiada.
De volta à capital, Saint George;s, os vendedores costumam entregar um guia das preciosidades gastronômicas para não confundir paladares e desandar receitas. A aromática pimenta-racemosa pode ser usada em mingaus, massas e risotos, por exemplo. Membrana que envolve o caroço da noz-moscada, a cítrica macis harmoniza bem com sopas, frutos do mar, bolos e pratos que levam tartaruga. Um cesto de palha com pequenos exemplares das especiarias custa por volta de R$ 30 e garante um presente diferente para quem ficou no Brasil ou o cardápio do evento em que você contará as andanças caribenhas.
Se der, inclua no itinerário uma caminhada da Baía de Grand Anse à Praia de Morne Rouge, também chamada de BBC devido à presença de uma antena do canal de tevê inglês. Há uma subida puxada que separa as duas, mas o visual do mar caribenho compensa o esforço. Chegando à pequena rouge, cercada por além das quentes águas azuis, delicie-se com pratos típicos nos restaurantes montados depois da areia. Um deles, o oil down, é uma combinação de banana, batata-doce, peixe ou carne cozido no leite de coco e, claro, muitas especiarias.
Doces gigantes
O caminho para as cachoeiras de Guadalupe e Dominica é enroscado. Estradas sobem e descem em curvas acentuadas, que dão aos trajetos um ritmo de férias. Melhor assim! Há muito a se ver pelo caminho: monumentos, arquitetura, cemitérios antigos, plantas e flores nativas, o jeito de viver caribenho e, claro, o imperioso mar. Dos mirantes espalhados pelo percurso, ele fica ainda mais grandioso. E prepara os olhos para outros gigantes da água.
Com mais de 120 metros de altura, a Cachoeira Carbet, no Parque Nacional de Guadalupe, é o ponto alto de uma caminhada de aproximadamente meia hora em uma trilha cheia de quedas menores ao longo do Rio Carbet e com mais de 670 tipos de plantas. São poucas as espécies de animais. Resultado da ação humana, diz a guia, que, imediatamente, ameniza o desfalque avisando que, lá, estamos livres das serpentes. Mas não dá vontade de entrar na água. O acesso às cachoeiras e às piscinas naturais está proibido desde 2004 por questões de segurança. Tremores de terra são frequentes no local.
Fria
Compense, então, o desejo de um banho de água doce no Trois Pitons National Park, em Dominica. São 15 minutos de caminhada em uma trilha meio irregular até chegar à Emerald Pool. A cachoeira de água esverdeada e fria ; muito fria ; é cercada por uma floresta densa e tem uma espécie de caverna em um dos cantos do poço. Na saída do parque, vale a pena experimentar os chips de banana vendidos pelos ambulantes. Eles vão garantir a energia para a caminhada no Parque Nacional de Dominica. Bem próximo do Trois Pitns, ele abriga as Trafalgar Falls. As cachoeiras gêmeas, a 10 minutos de caminhada da entrada do parque, são divididas por um paredão coberto pela selva tropical. Vale admirar. Muito. Até porque também não haverá mergulho.
; Delícias caribenhas
Os dominicanos dizem que, na ilha, moradores e visitantes comem peixe fresco todos os dias. A pesca parece mesmo farta nas Pequenas Antilhas, mas há outros dois sabores marcantes nesse pedaço do Caribe:
1. Olhe a banana
As plantações da fruta, principalmente para exportação, são muito comuns na região. Dominica, Santa Lúcia, Martinica e Guadalupe têm boa parte da economia baseada nesse cultivo, mesmo com algumas tentativas de diversificar a agricultura. O gosto não difere muito das produzidas no Brasil, assim como o sabor. Se quiser variar, vale experimentar produtos exóticos feitos com a fruta: ketchup e molho barbecure de banana, por exemplo, são encontrados com facilidade em mercados santa-lucenses.
2. Rum
O sabor e o corpo da bebida mudam conforme o tipo de produção: a industrial, vinda do melaço; e a agrícola, obtida diretamente do caldo de cana fermentado ; comum em Martinica. Em Granada, há, inclusive, a possibilidade de acompanhar esses processos. Guias da Clarke;s Court, uma destilaria em funcionamento desde 1937, mostram os diversos estágios de produção da bebida, incluindo os barris de envelhecimento. Lá e no resto do Caribe é comum aliviar o gosto forte do rum em drinques. Como o mojito, feito com rum branco, açúcar, hortelã, limão e soda.