Jornal Correio Braziliense

Turismo

A Paris dos Trópicos: conheça os requintados tesouros de Manaus

O luxo da arquitetura, herança dos barões da borracha na época áurea da extração, é uma das atrações da capital do Amazonas, cidade que também oferece a oportunidade de conhecer tribos indígenas e projetos dos ribeirinhos


Manaus ; A era da borracha deixou uma riquíssima herança arquitetônica e cultural em Manaus. O Teatro Amazonas é de um luxo inquestionável, e uma visita guiada pela principal atração manauara revela os costumes dos barões daquela época. Não à toa, era tida como a Paris dos Trópicos, título também disputado por Belém, no Pará, que guarda semelhanças com Manaus, embora ;ganhe de lavada; no quesito gastronomia. Naquela época, os filhos dos barões da borracha eram enviados à França para sua formação e houve um período em que o francês foi a língua falada na capital. De volta ao Brasil, acostumados à vida cultural parisiense, eles encontravam no Teatro Amazonas ares de refinamento. Ares bem quentes, por sinal. O calor é tão grande que naquela época o sistema de refrigeração do prédio usava imensos blocos de gelo para resfriar o ar que era direcionado à plateia.


Um jeito fácil de ter uma visão geral de Manaus é embarcar no Amazon Bus, um ônibus panorâmico de dois andares tal como existe em cidades turísticas espalhadas pelo mundo. Ali, portanto, não funciona o sistema de hop-in hop-off, quando o turista pode descer nas atrações que preferir. O ônibus faz, na verdade, um city tour guiado e tem uma única parada, na Praia de Ponta Negra.

Durante o passeio, é possível atravessar a Ponte do Rio Negro, considerada a maior ponte sobre rio do Brasil, recentemente inaugurada e com linda iluminação noturna, ver o Centro de Convenções Arena da Amazônia, construído para a Copa do Mundo e cujo design remete a um cesto indígena, apreciar o Palácio Rio Negro e o recém-construído Parque Jéfferson Péres, entre outros. O serviço parte da frente do Teatro Amazonas.


Evia brazilienses

A extração da borracha ; que teve seu ápice entre 1879 e 1912 e, depois declinou, experimentando uma sobrevida entre os anos de 1942 e 1945 ; era um trabalho escravo maquiado, o que pode ser constatado no Museu do Seringal, próximo a Manaus. O local reproduz o sistema da época, com a luxuosa casa do barão e as simples habitações dos extrativistas, em sua maioria cearenses, que fugiam da seca para viver uma realidade talvez ainda pior dentro da floresta. É possível ver a borracha ser extraída no método tradicional, ;sangrando; a Evia brazilienses, nome científico da seringueira, com a rasqueta, a ferramenta de corte. Durante os 80 anos do ciclo da borracha, esse trabalho era feito entre as 2h e as5h, porque depois a árvore rendia menos látex. Cada pela, nome da bola de borracha em que o látex era transformado, pesava 10 quilos e cada trabalhador precisava fazer cinco por semana. Mas as condições de trabalho eram inacreditáveis. Poucos voltaram ao Nordeste, porque morriam antes de malária.

Entre a selva e a beira do rio


Nesse trecho do Brasil pouco conhecido pelos turistas brasileiros, também é possível visitar tribos e comunidades ribeirinhas a partir de Manaus, passeio incluso no cruzeiro que navega pelos rios Negro e Solimões e oferecido pelos hotéis de selva. A tribo dos kambeba, conhecidos como omágua, é uma das opções. Eles são um dos tantos casos de grupos que, na Amazônia brasileira, deixaram de se identificar como indígena em razão da violência e discriminação de frentes não indígenas na região desde meados do século 18, voltando a se afirmar depois do reconhecimento dos direitos dos índios pela Constituição de 1988.

Desde então, têm uma posição destacada na região por sua capacidade de negociação e articulação política com outros grupos indígenas e com agências governamentais e não governamentais, que levaram um interessante projeto de educação para a tribo, onde também estudam ribeirinhos.

Eles merecem uma visita. Lá será possível aprender como um tubérculo ; a mandioca ; pode ser transformado em tantos subprodutos e garantir a subsistência de inúmeras famílias. Na região de Acatajuba, os turistas são recebidos com tapiocas feitas na hora nos grandes e tradicionais fornos que ocupam lugar de destaque nas propriedades.

Tanto nas tribos quanto nas casas de ribeirinhos, é possível comprar artesanato da região, mas o preço não é muito diferente da imperdível Galeria Amazônica, em frente ao Teatro Amazonas, em Manaus. Outro lugar para comprar lembranças da Amazônia é o Mercado Municipal Adolpho Lisboa, uma cópia do mercado Les Halles, de Paris, inaugurado em 1881. É a oportunidade de comprar o pirarucu salgado, o chamado bacalhau amazônico, entre outras iguarias.

Gastronomia

Chocolate algum sobrevive ao calor dos trópicos. Ainda bem, porque por essa razão inventaram a bala de cupuaçu, que de fato é um bombom. Não volte sem provar. A do Museu do Seringal é especialmente gostosa. Outro prato imperdível é a costela de tambaqui (o sabor lembra porco, mas é carne de um dos mais nobres peixes amazônicos).

Também se destacam os pratos à base de pirarucu, jaraqui e matrinchã. Invista uma ida ao Restaurante Banzeiro, do premiado chef Felipe Schaedler. A farinha de uarini também merece ser provada. E para saborear as frutas locais, não economize nos sorvetes, sucos, caipirinhas e doces. Taperebá, tucumã, pitomba, cupuaçu, graviola, abio e, claro, o açaí devem entrar na sua lista. O lanche mais típico é o ;x-caboquinho;, quase uma ;instituição manauara;: pão francês com tucumã e queijo coalho.

Guia

; COMO IR
Gol

www.voegol.com.br
A partir de R$ 605 (com taxas)

Tam
www.tam.com.br
A partir de R$ 640 (com taxas)

Azul
www.voeazul.com.br
A partir de R$ 732 (voo direto, com taxas)

; ONDE FICAR
Tropical Manaus Ecoresort

Diária a partir de R$ 353
Avenida Coronel Teixeira, 1.320, Ponta Negra

Go Inn Manaus
Diária a partir de R$ 196
Rua Monsenhor Coutinho, 560, Centro

Seringal Hotel
Diária a partir de R$ 188
Rua Monsenhor Coutinho, 758, Centro

; ONDE COMER
Banzeiro Cozinha Amazônica
www.restaurantebanzeiro.com.br
Rua Libertador, 102, Nossa Senhora das Graças, Manaus
(92) 3234-1621
Reconhecido por diversos prêmios, entre eles, o de ;Melhor Cozinha Regional;, por cinco anos consecutivos, ;Chef do Ano; para Felipe Schaedler, por três anos consecutivos, e melhor costela de tambaqui. Apesar de não estar ao lado das principais atrações turísticas, vale a corrida de táxi. O cliente é recebido com delicioso caldinho de peixe enquanto sofre para escolher entre um prato e outro. Faça reserva.

Skina dos Sucos

Avenida Eduardo Ribeiro, 629, Centro, Manaus
(92) 3233-1970
Os mais de 60 sucos são servidos em copos de meio litro. Boa opção para provar as frutas típicas. Servem salgados.