Os palácios da Liberdade e Mangabeiras, em BH; Catete, no Rio de Janeiro; e Alvorada, em Brasília, já foram residências oficiais do ex-governador mineiro e presidente Juscelino Kubitschek. O primeiro e o último foram idealizados pelo próprio político e guardam traços do seu fascínio pelo modernismo e saudosismo pela terra natal ; Oscar Niemeyer, autor dos dois projetos, teria se inspirado nos arcos do Mercado de Diamantina para criar os arcos da moradia presidencial na capital federal. JK também viveu em Paris, Berlim, Nova York, Passa Quatro (MG) e Luziânia (GO), mas apenas dois de seus tantos endereços guardam um pouco de sua memória: a Casa de Juscelino, em Diamantina, onde passou a infância e a adolescência, e a Casa Kubitschek, em Belo Horizonte, uma de suas residências enquanto prefeito da cidade.
JK nasceu em 12 de setembro de 1902, na famosa Rua Direita, na casa do avô, perto da Catedral Metropolitana de Diamantina, hoje um restaurante sem qualquer sinalização histórica. Com a morte do pai, ele, a mãe e a irmã se mudam para uma casa na Rua São Francisco, onde viveu até 1919, quando se mudou para BH, depois de passar em um concurso para telegrafista.
Desde 1985, o endereço abriga a Casa de Juscelino. Não há um acervo mobiliário, mas o quarto do presidente foi ;recriado; com móveis da época. O espaço exibe cópias de documentos e fotos da família Kubitschek, painéis sobre a Diamantina do início do século 20, além de imagens da vida pública. Há também uma biblioteca e um espaço para serestas: o Bar do Nonô.
Segundo Serafim Jardim, fundador, presidente da Casa de Juscelino e amigo pessoal de JK, em seus últimos nove anos de vida, em 9 de agosto de 1976, poucos dias antes de morrer, Juscelino teria lhe pedido para comprar a casa onde viveu com a família. ;Ele estava no Hotel Del Rey, no qual se hospedava em BH, e me convidou para um almoço na casa da sobrinha, Beatriz. Lá, disse que tentasse comprar a casa, sem dizer que era para ele, para não aumentarem o preço. Ele queria muito ter essa casa em Diamantina. É incrível, porque ele não deixou nenhum imóvel em seu nome;, conta. Responsável pela concepção do espaço, Serafim destaca a exposição dos instrumentos dos músicos que faziam seresta para JK.
Conjunto
Formado pela Igreja de São Francisco de Assis, Museu de Arte (antigo cassino), Casa do Baile e Iate Tênis Clube, o Conjunto Arquitetônico da Pampulha teria um quinto edifício, um hotel, que não chegou a ser construído. Mas ao fim do projeto, o então prefeito e idealizador, JK, acrescentou uma residência de veraneio, onde passaria os fins de semana. Construída em 1943, a Casa Kubitschek, concebida como um exemplo de ocupação para a região, inauguraria a modernidade na arquitetura brasileira. Com projeto arquitetônico de Oscar Niemeyer e paisagístico de Burle Marx, a casa, com telhado em asa de borboleta, foi habitada por JK até 1950, quando foi vendida ao amigo Joubert Guerra.
O mobiliário modernista, que por si só vale a visita, foi adquirido por volta de 1951, auge do design moderno brasileiro. Mas o quarto de hóspedes guarda uma poltrona e uma escrivaninha que pertenceram a JK. Uma das curiosidades é o quarto das filhas, que era não só ligado ao quarto dos pais, como era costume na época, mas também tinha acesso a uma farmacinha particular, já que uma delas era asmática.
Banheiros e cozinhas também guardam pisos e louças originais, uma viagem no tempo. Residência de Juracy Guerra, viúva de Joubert, por mais de 50 anos, a casa foi tombada em 1994, desapropriada pela prefeitura em 2005 e transformada em equipamento cultural, com visitação gratuita, no fim de 2013.
Onde ir
Casa Juscelino
Rua São Francisco, 241, Centro, Diamantina
(38) 3531-3607
De terça a sábado, das 8h às 17h
Entrada: R$ 5
Casa Kubitschek
www.facebook.com/casakubitschek
Avenida Otacílio Negrão de Lima, 4.188, Belo Horizonte
(31) 3277-1586
De terça a domingo, das 10h às 17h
Entrada franca
Memorial JK
www.memorialjk.com.br
Eixo Monumental, Lado Oeste, Praça do Cruzeiro, Brasília
3225-9451
De terça a domingo, das 9h às 18h
Entrada: R$ 10
Homenagem póstuma
Após a morte de JK, em 1976, Sarah Kubitschek empenhou-se em construir um monumento em sua memória. A ideia era ter um espaço com três finalidades: um mausoléu para os restos mortais do presidente; um museu com peças, documentos, condecorações, vídeos e roupas que retratam sua vida e obra; e uma casa de cultura. Também concebido por Oscar Niemeyer, o Memorial JK, no Eixo Monumental da capital federal, foi inaugurado na década de 1980. Uma das atrações é a biblioteca particular: um escritório do apartamento do presidente na Avenida Atlântica, no Rio de Janeiro, foi transposto para Brasília, com seus móveis e parte de sua biblioteca. Há mais de 3 mil volumes, alguns raros, de história, medicina, economia, política, arte, direito, biografias, livros técnicos e outros. Destaque para a coleção de Shakespeare, de 1802, presente da rainha Elizabeth II, da Inglaterra. Mas é a câmara mortuária, no centro do memorial, o ponto alto da visita. A luz natural que passa pelo vitral projeta diferentes tonalidades de cor, conforme a posição do Sol ou a intensidade da luz.