Pense numa cidade cosmopolita, com cidadãos residentes e turistas do mundo inteiro, localizada no Hemisfério Norte, com bela decoração na época do Natal, outlets, bons restaurantes com comida típica de várias nacionalidades, museus interessantes, parques, cenários de locações de filmes famosos e diversidade cultural. Se pensou em Nova York, acertou. A Big Apple até combina com esse perfil. Mas acertou também quem se lembrou de Toronto, a maior cidade do Canadá, na beira do lago Ontário.
Com uma arquitetura arrojada, Toronto é um destino turístico e tanto. Aos poucos, a cidade vai se firmando como rival de Manhattan, mas nem precisa. Quem gosta de Nova York, com certeza vai curtir a vizinha e pode até aproveitar a viagem para visitar as duas metrópoles. De avião, uma hora de voo e pronto. Estrategicamente localizada entre Nova York, Chicago e Montreal, Toronto tem até a sua própria Times Square, a Yonge Dunda;s Square, também conhecida apenas como Dunda;s Square. Em comum, os outdoors iluminados numa região viva, com restaurantes e bares para quem curte uma boa noitada.
Toronto, como Nova York, tem também as majestosas Niagara Falls, musicais, vida cultural intensa e uma culinária diversificada. Toronto abriga 2,8 milhões de habitantes, sendo a metade nascida em outros países. Assim, surgiram bairros como Chinatown, Little India, Little Italy, Little Portugal, Greektown, Little Poland; A cidade se firma pelo intercâmbio cultural.
Talvez por isso os torontianos sejam tão hospitaleiros. Difícil buscar alguma informação e não ser recebido com gentileza e prontidão. Entre os pontos turísticos mais interessantes está a CN Tower, uma torre de transmissão, que virou o cartão postal de Toronto. Difícil imaginar o skyline da cidade canadense sem o símbolo, com um mirante e um restaurante 360 graus. Ir a Toronto e não subir os 350 metros até o mirante é o mesmo que visitar Nova York e não conhecer o Empire State Building, ou passar uma temporada em Paris sem conhecer a Torre Eiffel.
Inaugurado recentemente, o Aga Khan Museum é uma demonstração de receptividade e tolerência dos canadenses. O museu é uma homenagem à cultura islâmica, o primeiro na América do Norte. E mesmo quem receia o inverno canadense, pode aproveitar os paths, passagens subterrâneas que ligam prédios, restaurantes e centros comerciais. Debaixo da terra, dá para circular de uma atração a outra, sem sentir um floco de neve. A seguir um roteiro, com 10 lugares imperdíveis em Toronto.
Como chegar
Não há voos diretos de Brasília, mas é possível chegar ao destino com apenas uma conexão. A Air Canada tem um voo, inaugurado em dezembro, entre Toronto Pearson e o Galeão, no Rio de Janeiro, com saídas às quartas, às sextas e aos domingos, com 24 poltronas na business class e 187 na econômica. Há, pela Air Canada, voos diários partindo de São Paulo. A TAM também opera o trecho, saindo de São Paulo, mas com escala nos Estados Unidos
Hockey Fall of Fame
Os canadenses amam o hóckey tanto quanto os brasileiros são apaixonados pelo futebol. Em Toronto, o Hockey Hall of Fame é um tributo ao esporte mais importante do país. Para os brasileiros, pode parecer um passeio inusitado, já que aqui pouco se conhece de patinação no gelo, tacos e os discos de borracha chamados "pucks". Mesmo assim, vale a pena um mergulho no mundo do hóquei e conhecer a maior coleção de objetos ligados ao esporte, como troféus, uniformes, tacos, além de um tributo aos principais jogadores de todos os tempos.
Serviço: aberto de segunda a sexta, das 10h às 17h; sábado, das 9h30 às 18h; e domingos, das 10h30 às 17h
The Distillery Historic District
O cenário de filmes como Chicago, O Novato e X-Men é uma antiga destilaria de uísque, fundada em 1832, por dois ingleses. Há 15 anos, o lugar virou um centro de cultura, arte, gastronomia e entretenimento. Também é o ambiente em que se pode visitar a mais bem preservada coleção de arquitetura industrial vitoriana na América do Norte.Com paredes de tijolo e edifícios de ferro, além de carcaças de caminhões antigos, o lugar se tornou o maior set de filmagens do Canadá e o segundo do mundo, depois de Hollywood.
Por isso, não se surpreenda se encontrar um artista circulando no local. Antes intitulado Goorderham and Warts, o sobrenome dos industriais que fundaram a destilaria, o distrito se tornou um centro onde é possível encontrar bares que vendem cerveja artesanal. Uma das mais saborosas é a orgânica. Na cervejaria artesanal Mill Street, há quatro tipos ; até mesmo uma com sabor de café. A graça é ver a produção, enquanto se saboreia a bebida. A entrada no complexo é gratuita. Por isso, dá apenas para passear pelas galerias de arte, assistir a um dos espetáculos das escolas ligadas às artes e das companhias artísticas ou se sentar à mesa de um dos restaurantes e cafés.
Uma sugestão é alugar um segway ; aqueles carrinhos elétricos que transportam a pessoa em pé ; ou uma bicicleta para explorar o bairro. No fim do ano, entre 28 de novembro e 21 de dezembro, o distrito recebe o Toronto Christmas Market, uma feira com enfeites e comidas de Natal, além de apresentações de corais e shows típicos.
CN Tower
É o cartão postal da cidade. Construída entre 1973 e 1976, a torre, com 553,33 metros de altura, atrai cerca de dois milhões de turistas por ano. Vale a pena a vista lá de cima ; bela no verão pelo visual da natureza, ou mesmo no inverno pelo branco da neve que toma a cidade. Interessante mesmo é imaginar-se solto no ar, na segunda maior torre do mundo ; só perde para a Burj Khalifa, de Dubai, nos Emirados Árabes. É essa a sensação no piso de vidro, em que se pode olhar para baixo como se apenas a altura de 342 metros separasse o visitante do chão. Os turistas parecem não acreditar que seja seguro permanecer ali, mas muita gente, principalmente as crianças, se arrisca a pular sobre o vidro, como se quisesse testá-lo. Uma placa indica que aquela estrutura sustenta com segurança 21,8 mil quilos, o peso de três baleias orcas, 41 ursos polares ou 256,8 mil blue jays, um pássaro típico do Canada.
À noite o símbolo de Toronto vira um show à parte, pela iluminação colorida. No site da CN Tower, há um calendário que explica os motivos das cores e a programação de mudanças, como no Natal, em que o monumento fica iluminado em vermelho e verde, ou quando ficou azul para celebrar o nascimento do príncipe George, herdeiro da coroa britânica. No dia 14 de fevereiro, por exemplo, Valentine;s Day, o Dia dos Namorados no Hemisfério Norte, a torre fica toda vermelha.
O restaurante 360, o mais alto do mundo, tem uma vista incrível, a 351 metros de altura. Nem dá pra sentir que o ambiente gira e em 72 minutos dá uma volta completa. É recomendado fazer reserva. Apesar dos preços salgados, uma mesa no local é disputada. Uma das atrações é a adega.
Serviço: Aberta de segunda a domingo, todos os dias do ano ; com exceção do Natal ;, das 10h às 22h. A reserva do restaurante e a compra do ingresso com desconto podem ser feitas pelo site Cntower.ca
Cidade subterrânea
Numa cidade em que, no inverno, a temperatura pode chegar a -30C;, há um mundo a descobrir debaixo da terra. São as chamadas paths, passagens subterrâneas, com ruas inteiras que ligam os prédios, apenas para pedestres. Os principais bancos, lojas, estações de metrôs, museus e hotéis estão conectados no subsolo.
São mais de 30 quilômetros de extensão sem ver a luz do dia e, principalmente, sentir a neve, num labirinto em que é fácil se perder. É preciso ficar atento aos mapas porque até mesmo os torontianos são capazes de se confundir. O destaque nos paths são prédios e cofres de bancos, mantidos no subterrâneo, como pontos turísticos.
Ripley;s Aquarium of Canada
Inaugurado em outubro de 2013, o Ripley;s é o principal aquário do Canadá e oferece como uma das principais atrações uma coleção de tubarões, a maior da América do Norte. São 13 mil animais aquáticos com 450 espécies diferentes para visitação, numa área de 12,5 mil metros quadrados. Esse mundo a explorar, em 5,7 milhões de litros de água, fica situado bem ao lado da CN Tower. Dá pra fazer os dois passeios num dia só.
Nesse caso, é um programa que agrada tanto a crianças como aos adultos. Passar debaixo dos túneis gigantes de água, numa esteira rolante, dá a impressão de estar no fundo do mar, ao lado de arraias, peixes exóticos, barracudas, crustáceos, tartarugas marinhas e assustadores tubarões. Um dos espetáculos é o show de luzes que trocam de cor nos tanques de águas vivas, com oito espécies diferentes. Elas vão passando pelo vermelho, roxo, verde, amarelo, de acordo com a luz. É de hipnotizar.
No Centro de Descobertas (Discovery Centre), há um simulador de tsunami e tanques onde se pode tocar em caranguejos e até em tubarões. Para quem tem curiosidade e coragem, vale a pena. A graça do lugar é que o aquário pode ser aproveitado tanto no verão, como no inverno. Em dias de nevasca, é um bom programa em ambiente fechado.
Serviço: Aberto todos os dias do ano, das 9h às 21h.
Aga Khan Museum
Inaugurado em setembro de 2014, o Aga Khan é uma das novidades no turismo de Toronto. É uma boa pedida para quem se interessa pela cultura islâmica ou simplesmente admira uma boa arte. Instalado num belo prédio projetado pelo arquiteto japonês Fumihiko Maki, o museu, no subúrbio de Toronto, impressiona de cara pela imponência exterior. É o primeiro museu dedicado à arte islâmica na América do Norte.
Lá dentro, as peças, os tapetes e quadros da cultura islâmica chamam ainda mais a atenção. São mais de mil objetos e obras de arte em cerâmica, marfim, pedra, madeira e tapeçarias da cultura muçulmana, da Península Ibérica ao sul da China. Há, ainda, manuscritos, alcorões, e desenhos cujos detalhes, imperceptíveis a olho nu, podem ser vistos de perto com a ajuda da tela de Ipads à disposição dos visitantes. O acervo faz parte da herança do príncipe Sadruddin Aga Khan, descendente distante do profeta Maomé, que morava na Suíça.
Serviço: Aberto de terça a domingo, das 10h às 18h.
Casa Loma
A antiga casa de um dos mais ricos industriais do Canadá, sir Henry Mills Pellatt, é hoje um museu no coração de Toronto. Com 98 suítes decoradas, um túnel de 244 metros, estábulos e passagens secretas, o castelo em estilo gótico fica aberto todos os dias, exceto no Natal. Entre as excentricidades do antigo dono, um empresário que detinha a concessão do fornecimento de energia do Canadá, há animais empalhados, como um urso que serve como tapete.
É possível visitar os aposentos do antigo proprietário e de sua mulher. O casal deixou o palácio cerca de 10 anos depois de se mudar para lá. Falido, sir Henry não tinha mais condições de mantê-lo. Algumas partes ainda estão inacabadas, como a piscina interna, que virou um anfiteatro. Construído entre 1911 e 1914, o palacete é também cenário para várias locações. Num corredor, no subsolo, é possível conferir uma exibição de filmagens realizadas no local, como as produções de Para Sempre, Cocktail, X-Men e Medidas Extremas.
Serviço: Aberto diariamente, das 9h30 às 17h.
Niagara Falls
Distante cerca de 130km de Toronto, as cataratas representam uma das maravilhas do Canadá. Há várias excursões para o local, mas é possível chegar lá de carro, ônibus ou trem. Compostas por três grupos de cachoeiras, as cataratas, localizadas entre os rios Erie e Ontario, são muito volumosas e atingem 168 mil metros cúbicos por minuto. O resultado é um espetáculo de águas que pode ser visto de mirantes ou de barcos, que podem ficar mais próximos à queda d;água.
Bata Shoe Museum
Qual mulher não gosta de admirar um belo par de sapatos? Para os aficionados, já pensou visitar um museu todo dedicado aos calçados? O Bata Shoe Museum exibe uma coleção com mais de 13 mil pares e acessórios, em 4.500 anos de história. A peça mais antiga é proveniente do Egito. Há sapatos que pertenceram a Napoleão e ao pop star Justin Bieber. Há, ainda, uma coleção inteira dedicada ao Brasil. O passeio vale até pelo prédio, projetado pelo famoso arquiteto canadense Raymond Moriyama, inspirado numa caixa de sapatos.
Serviço: Aberto de segunda a sábado, das 10h às 17h ;com exceção de quinta-feira, quando o museu fecha às 20h, e de domingo, quando abre ao meio-dia.
Art Gallery of Ontario
A visita já vale pelo estilo do prédio, que parece um grande barco ancorado no cais, restaurado pelo canadense Frank Gehry, o mesmo arquiteto do Museu Guggenheim de Bilbao, do Walt Disney Concert Hall, de Los Angeles, e do Luo Ruvo Center of Brain Health, em Las Vegas, entre outros projetos arrojados. A galeria tem um acervo com mais de 80 mil obras que vão de antiguidades até obras contemporâneas. Há pinturas de Auguste Rodin, Claude Monet, Edgar Degas, Paul Cézanne, Vincent van Gogh e Pablo Picasso. O grande destaque, no entanto, é a maior coleção do mundo de arte inuíta (esquimós que vivem no Canadá, Alasca e Groenlândia).
Serviço: Aberto de terça a domingo, das 10h às 17h30 ;exceto quarta-feira, quando fecha às 20h30.
A repórter viajou a convite da Air Canada e do Toronto Convention & Visitors Association