Ali é possível visitar locais como Half Moon Island, hábitat de leões marinhos e pinguis-de-papua (Pygoscelis papua), que também sedia a base argentina Teniente Cámara, onde podem tomar café quente, enviar postais e carimbar seus passaportes com o "krill" (tipo de crustáceo), símbolo da estação. "Noventa por cento dos turistas de todo o mundo que têm como destino a Antártica saem de Ushuaia. Os cruzeiros duram, em média, 11 dias. Os mais baratos custam cerca de US$ 5 mil. Os mais caros, de 15 dias e que chegam ao Círculo Polar Antártico, estão por volta de US$ 12 mil ", afirmou por telefone à AFP o brasileiro Gunnar Hagelberg, proprietário da operadora Antarctica Expeditions junto com a esposa Zelfa Silva.
Com escritórios em Buenos Aires e Porto Alegre, a Antarctica Expeditions representa 16 operadoras que levam turistas de Ushuaia à Antártica. Outra operadora brasileira, a TGK, com sede em São Paulo, oferece pacotes com saídas desde novembro de 2014 a partir de US$ 5.995 em cruzeiros de 10 dias, em média, saindo de Ushuaia.
Sonho realizado
A bordo da aeronave BAE-146-200, com capacidade para 60 pessoas, todos comentam que visitar a Antártica é a realização de um sonho. "Vir para a Antártica é a realização de um sonho para mim e a minha mulher. Há alguns anos, nós tentamos vir, mas ficamos na lista de espera. Este ano, nós nos inscrevemos com um ano de antecedência e conseguimos. É uma viagem muito popular", contou à AFP o americano John Riess, um sorridente senhor de 81 anos, ao lado da esposa, Sharon, de 73.
O casal embarcou em um cruzeiro na Flórida, onde vive, rumo a Punta Arenas e lá comprou as passagens de avião. "Eu adorei [conhecer a Antártica]. É uma experiência que acontece uma vez na vida. Eu vim num cruzeiro e a bordo ofereceram este passeio", contou o holandês Albert Bogart, de 57 anos, residente em Amsterdã.
Após um voo de duas horas, partindo de Punta Arenas, os turistas desembarcaram na base chilena e, acompanhados de um guia, puderam ver alguns dos encantos do continente branco. "Foi uma experiência fantástica. O especial de vir aqui é, primeiro, visitar um continente ainda intocado. Em segundo lugar, ver os pingüins. Todos amam os pingüins. Para mim foi especial caminhar perto das bases, ver como os cientistas de diferentes países trabalham em colaboração", relatou a canadense de Ottawa Maureen Malone, de 69 anos, antes de confessar algo que todos repetiam: "Se pudesse, certamente voltaria".
Um negócio em ascensão
Segundo estimativas da IAATO, 35.354 pessoas terão visitado a Antártica no final da temporada de 2013-2014, mais de mil a mais do que em 2012-2013 (34.316) e oito mil a mais que em 2011-2012 (26.519). "Por temporada, levamos 120, 130 pessoas para a Antártica. Temos visto um aumento de 15% a 20% na procura dos turistas [por passeios com destino ao continente gelado]", disse Nicolas Paulsen, vice-gerente comercial da companhia chilena Dap, que realiza vôos logísticos e turísticos à Antártica.
Segundo Paulsen, o turismo com destino à Antártica cresce 3 pontos mais do que o turismo no Chile, que aumenta 7% ao ano. A maior parte dos turistas vem de Estados Unidos, Austrália, China e Rússia, mas, segundo ele, é crescente também o número de brasileiros interessados nessa viagem.
"Nos últimos seis anos, vimos aumentar de forma crescente o número de brasileiros interessados, de 10 para uns 200 este ano", superando os cerca de 150 estrangeiros anuais, afirmou Hagelberg, cuja empresa argentino-brasileira opera há 18 anos na Antártica e também no Ártico. "A Antártica é vital para nós, influencia o clima, as correntes marinhas... O turismo é importante porque quanto mais pessoas conhecerem esse continente, mais vão querer protegê-lo", concluiu.