Jornal Correio Braziliense

Turismo

Em Chichicastenango, católicos e adeptos da crença maia vivem em harmonia

Após conhecer o agito da capital, chegou a hora de adentrar o mundo maia. De carro ou de ônibus se alcança 2.000m de altitude até encontrar as terras altas (ou o altiplano guatemalteco), distante 140km (três horas de viagem) da Ciudad de Guatemala. O contato com a natureza é intenso ao passar por estradas que cortam os vales e as montanhas, além da abundante vegetação. É lá onde está Quiché, o departamento (como são chamados os estados do país) que abriga um importante grupo étnico maia homônimo.

[SAIBAMAIS]Chichicastenango, ou Chichi, é uma das cidades mais visitadas. O povoado é conhecido por ter o mais colorido e encantador mercado de artesanato, aberto às quintas-feiras e aos domingos. Dezenas de mercadores anunciam produtos em uma explosão de gritos, com dialetos diferentes. Como precisam vender a fim de garantir o sustento da família, os masheños (habitantes de Chichi) são persuasivos. Caso não queira comprar, evite olhá-los nos olhos e responder. Dizer um simples ;no, gracias; (não, obrigado) é a certeza de que se acabe levando o produto, tamanha a insistência.

A crença dos maias é da existência de um só Deus, da prática da confissão, do jejum e da penitência. Com a colonização espanhola, em 1523, o catolicismo foi imposto aos indígenas, mas não trouxe novidades. Como eram oprimidos, por seguir a tradição antiga, eles apenas assimilaram alguns aspectos, o que abriu caminho ao sincretismo religioso na Guatemala. Em Chichi essa realidade é marcante. Ao lado do mercado, a Igreja de Santo Tomás, erguida em 1540, exemplifica: por um lado, uma fachada colonial do tempo barroco-católico e, por outro, a escadaria que lembra as pirâmides maias.